TVs, tablets, celulares ou e-books? Positivo decide a sua nova aposta

Leia em 5min 20s

Convergência digital obriga a maior fabricante de computadores do País a se reinventar; produtos deverão ser voltados para a classe C

 

Em 21 anos de história, a Positivo Informática nunca havia passado por um momento de discussão sobre seu futuro tão rico como o atual. "A única coisa que sabemos hoje é que nós vamos fazer um novo produto. Só não decidimos ainda qual será", afirma Helio Rotenberg, cientista da computação que criou a Positivo com apenas 28 anos, ao lado de cinco professores de cursinho pré-vestibular.

 

Relatório recente de um banco de investimentos que acompanha o desempenho das ações da Positivo na Bovespa aponta a revolução tecnológica como um dos riscos para o futuro da companhia. "O mundo tem mudado constantemente seus parâmetros tecnológicos. Os computadores estão menores e os softwares e acessórios evoluíram bastante em poucos anos. O setor está excepcionalmente orientado para novas tecnologias e há riscos de um lançamento inovador deixar os produtos da Positivo rapidamente obsoletos, minando sua habilidade de se adaptar a uma nova tendência ou demanda."

 

Na lista de possibilidades da Positivo, os tablets são os produtos que mais se aproximam de um computador. Todos os concorrentes da Positivo já começaram a se mexer para não perder essa nova frente de batalha. Na semana passada, a Dell, segunda colocada no ranking brasileiro, anunciou o lançamento do seu Streak. O produto chegará às lojas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos em breve. Ainda não há data para estreia no Brasil.

 

O dispositivo, que está entre um notebook e um smartphone, foi uma das sensações da edição deste ano da CES, feira de tecnologia que ocorre anualmente em Las Vegas, nos Estados Unidos. No evento, HP e Motorola anunciaram que iriam lançar o seu tablet até o fim deste ano. Dias atrás, a HP confirmou que o seu Slate vai rodar em um sistema operacional desenvolvido pela Palm ? empresa recém-adquirida pela HP.

 

Os pesquisadores da Positivo estão testando o iPad, o tablet da Apple, lançado em abril. O próprio Rotenberg diz que passou uma semana usando o aparelhinho. "A convergência digital nos obriga a estudar todos os tipos de dispositivos: pequenos, médios e grandes. Até o e-book, que está meio esquecido, tem seu apelo", diz ele, sem dar pistas sobre qual produto terá prioridade e nem detalhes sobre a estratégia da companhia. No passado, a Positivo chegou a cogitar a fabricação de TVs.

 

Segundo o Estado apurou, o celular, a TV ou o tablet da Positivo não concorreriam diretamente com produtos de marcas como Apple, Nokia, Sony ou Samsung. Seriam uma opção mais barata, vendida em grandes cadeias varejistas, como Casas Bahia, Extra e Magazine Luiza, com as quais a companhia já tem um relacionamento sólido ? o que, nesse setor, leva tempo para ser construído. A Positivo vende, hoje, para 24 das 25 maiores cadeias de varejo do País. No ano passado, adquiriu a marca de computadores Kennex ? que tinha como sócio João Paulo Diniz, filho de Abilio Diniz ? para aumentar sua participação na rede Extra, do Grupo Pão de Açúcar.

 

A fabricação de aparelhos eletrônicos, inclusive TVs de LCD e smartphones, não exigirá uma grande revolução na empresa, segundo especialistas. A maior parte desses produtos já virou commodity. Os componentes são importados e as fábricas brasileiras funcionam como linhas de montagem.

 

Fenômeno. A Positivo é um fenômeno raro no seu setor. É a única empresa local a figurar no ranking dos maiores fabricantes de computadores do mundo. O salto espetacular foi possível graças a uma combinação de fatores: crescimento explosivo do mercado brasileiro, generosos incentivos fiscais ? que beneficiam todos os fabricantes locais de informática ? e uma bem-sucedida estratégia de relacionamento com o varejo e de desenvolvimento de produtos.

 

Na opinião de analistas que acompanham as ações da Positivo, a companhia, ao contrário dos seus concorrentes globais, pôde rapidamente se adaptar às necessidades e às tendências do mercado local graças ao seu rápido e flexível processo decisório. "Além disso, seu pós-venda tem um alcance grande e é reconhecido pela qualidade, o que é vital para o negócio", disseram os analistas em relatório recente de um banco de investimentos.

 

Há cinco anos, para não perder mercado, a Positivo lançou seu primeiro notebook. Em 2009 a empresa já estava na 13.ª posição entre as maiores fabricantes de computadores portáteis do mundo ? em desktops (computadores de mesa) ela aparecia em nono lugar. Neste ano, as vendas de notebooks devem ultrapassar as de desktops no País. Trata-se de uma tendência irreversível. Em 2012, a previsão é de que sete em cada dez computadores vendidos sejam notebooks.

 

Outro bom exemplo dessa capacidade de entender as características do mercado local é o PCTV, um computador que existe no resto do mundo, mas aparentemente só fez sucesso por aqui. A Positivo foi a primeira a colocar no mercado brasileiro um produto que integrava computador e TV. O produto foi lançado em 2005 e hoje é o modelo mais vendido da companhia ? representa 20% da receita total.

 

Erro de cálculo. Mas nem todas as inovações deram certo. Em 2007, quando a TV digital foi lançada no País, a Positivo foi a primeira a colocar um conversor no mercado. A empresa, que chegou com a proposta de oferecer o preço mais baixo, vendeu apenas 84 mil conversores. Sem demanda pelo produto, a Positivo interrompeu a produção.

 

A companhia, que disputa o mercado com multinacionais como HP, Dell e Lenovo, ainda amarga uma fama de fabricar computadores de menor qualidade. Especialistas que acompanham a evolução dos seus produtos, no entanto, dizem que eles melhoraram muito nos últimos anos. "O nível de reclamação hoje é bem baixo. A Positivo já tem padrão internacional", diz Ivair Rodrigues, diretor da consultoria IT Data. "Não é só preço que garante a liderança da Positivo. A empresa tem sido muito ágil, está muito antenada às tendências de consumo."

 

Veículo: O Estado de São Paulo


Veja também

Especialistas alertam para os riscos no uso do cartão de crédito

Dinheiro de plástico ganha cada vez mais espaço no Brasil, mas analistas dizem que, sem cuidado, pode leva...

Veja mais
Supermercados vão elevar aportes na área de tecnologia

Investimentos previstos em R$ 50 milhões no ano.    Os supermercados mineiros devem investir R$ 50 mi...

Veja mais
Venda de notebook cresce 21% na região

O forte crescimento na venda de notebooks mostra que esses aparelhos deixaram de ser considerados artigos de luxo para a...

Veja mais
Dia dos Namorados agita comércio eletrônico e deve superar o varejo físico

O Dia dos Namorados é uma das datas mais importantes do ano tanto para o comércio tradicional quanto para ...

Veja mais
Carrefour se prepara para o Dia dos Namorados

Uma das categorias mais expressiva para o Dia dos Namorados é a de Telefonia Celular. São diversas marcas,...

Veja mais
Mudança nos cartões beneficiará os lojistas

Sistema será unificado em julho.   O setor varejista de Minas Gerais pode economizar até R$ 120 mil...

Veja mais
Venda de notebook cresce 43% e preço médio do produto cai 16%

As vendas de notebooks cresceram 43%no primeiro trimestre, a maior alta em oito anos, segundo a empresa de pesquisa de t...

Veja mais
Celular ganhará código adicional em São Paulo

Até o fim deste ano, novas linhas de telefones celulares da região metropolitana de São Paulo passa...

Veja mais
Em uma só maquininha, vários cartões

As vantagens para o lojistas serão inúmeras, mas a adoção deverá ser gradativa e o su...

Veja mais