As vantagens para o lojistas serão inúmeras, mas a adoção deverá ser gradativa e o sucesso da iniciativa dependerá de uma forte atuação do governo.
A autorregulamentação do esquema de cartões de pagamento que agrega bandeiras de cartões de crédito, adquirentes, financeiras, fabricantes e comerciantes, tem como resultado primeiro a diminuição do número de terminais de ponto de venda ou POS e a consequente redução de custos.
Hoje, a quantidade de máquinas é diretamente proporcional ao número de bandeiras que o lojista oferece para pagamento – se for Visa, Mastercard e Amex, precisará alugar três terminais. Em julho, o comerciante poderá pagar por apenas uma que colete os dados de todas as operadoras de cartão de pagamento.
Mas, para uma redução maior dos custos de aluguel com o POS "é fundamental que os atuais e novos adquirentes também capturem as demais bandeiras de cartão na mesma maquininha, como Hipercard, Sorocred, Aura, Elo e outras que entrarem", exemplifica Lucio Vargas, diretor de marketing e produtos da Cobre Bem. Porém, ele diz que esse é um movimento gradativo e que o governo ainda precisará atuar fortemente.
Alguns modelos de POS já estão preparados para operar com multibandeiras e, como a tendência é que as maquininhas aceitem cada vez mais cartões, é preciso que o lojista identifique e defina o portfólio de cartões oferecidos pelos adquirentes (Cielo, Redecard, Getnet e outros) que irá trabalhar. "Percebemos o início de uma grande disputa de mercado por trás dos adquirentes. Essa disputa está ocorrendo entre o Itaú-Unibanco com o cartão Hipercard, e o Bradesco e Banco do Brasil, com o lançamento do cartão Elo", conta Vargas.
Vantagens adicionais
O impacto tecnológico para que as leitoras aceitem a diversidade de cartões é pequeno. O maior entrave está nos sistemas dos adquirentes, que precisam fazer adequações e, principalmente, conexões de seus sistemas com os sistemas das bandeiras.
Tudo indica que o comerciante vá optar pelo terminal com o menor custo de aluguel e maior oferta de bandeiras de cartão. "Mas com o tempo, ele deverá considerar elementos como disponibilidade e oferta de serviços agregados", aconselha Vargas.
Exigir garantia de comunicação é uma boa pedida na hora de escolher a máquina a ser adotada. No cenário atual, se um terminal fica sem serviço, é possível oferecer outros cartões. "Com o fim do duopólio, se ficar sem comunicação e não tiver outra máquina como opção, possivelmente o lojista perderá a venda", avalia o diretor da Cobre Bem.
Avaliar a oferta de serviços é outro ponto. A tendência é que os adquirentes ofereçam, entre outras, soluções de conciliação dos pagamentos, sistemas de prevenção à fraude; de gestão de venda e relacionamento com consumidores; plataformas de promoção para o incentivo das vendas. Com isso, visam estreitar o relacionamento com os lojistas e melhorar as margens de receita.
"É importante que o governo analise a possibilidade de locação e compra da maquininha pelo lojista junto a outros fornecedores", destaca. Hoje, segundo Vargas, para o usuário a única opção é alugar o POS dos adquirentes.
Outra dica do executivo é que, para uma significativa redução de custos, os lojistas utilizem Provedores de Serviços de Pagamentos (PSP), também conhecidos como os Gateways de Pagamento, que atuam nos mercados de internet, televendas e cobrança de mensalidade. Assim, o comércio pode trabalhar com múltiplos meios de pagamento, utilizando outro modelo de hardware chamado Pin Pad. "Essa máquina tem menor custo de aluguel e oferta de serviços agregados", diz Vargas.
Para especialistas do setor, somente com a diversidade de produtos e abertura do mercado para novas empresas, será possível atingir uma real competição e uma atuação justa para todos os componentes da cadeia.
Veículo: Diário do Comércio - SP