A companhia indiana Wipro Technologies, prestadora de serviços de tecnologia da informação (TI) com sede nos Estados Unidos, aproveita o período de demanda aquecida no Brasil para ampliar sua presença no mercado doméstico. A empresa, que atua no país há quatro anos, acaba de firmar acordo com o Grupo Pão de Açúcar para prestar serviços de suporte, manutenção e desenvolvimento de softwares para gerenciamento de vendas e gestão da cadeia de suprimentos.
O acordo com o Pão de Açúcar terá duração de 36 meses, podendo ser renovado. O projeto envolverá 500 pessoas, entre funcionários das duas companhias e de prestadoras de serviços. O valor do contrato é mantido em sigilo pelas empresas.
Esse é o primeiro de três grandes acordos que a indiana pretende fechar com empresas brasileiras neste semestre. "O Brasil é um mercado que está em franco crescimento e as oportunidades de negócios estão se multiplicando", afirmou ao Valor a presidente global de vendas e operações da Wipro, Martha Béjar, que veio de Atlanta para o Brasil há poucos dias para a assinatura do acordo.
A Wipro instalou uma base em Curitiba em 2007, com 350 funcionários, após comprar a Enabler, fornecedora de tecnologia do Grupo Sonae presente no Brasil desde 1997.
A empresa se estabeleceu no país com o mesmo objetivo de suas concorrentes: criar uma estrutura para atender os clientes globais também na América Latina. Mas, diferentemente das compatriotas Tata Consulting Services (TCS), Infosys, Satyam e HCL, que mantiveram como alvo os contratos globais que incluíam a região, a Wipro voltou seu foco às companhias de atuação local e com faturamento superior a US$ 1 bilhão. Hoje, a Wipro mantém contrato com dez empresas nacionais com esse perfil, além de prestar serviços às multinacionais instaladas aqui. "A empresa tem uma expectativa de grande expansão na América Latina, e muito do crescimento virá de contratos para atender o mercado brasileiro", afirma Martha Béjar.
De acordo com a executiva de origem colombiana, a América Latina responde por uma fatia muito pequena do faturamento da companhia. No ano fiscal encerrado em março, a Wipro registrou receita de US$ 6,03 bilhões, dos quais 56% tiveram origem nos Estados Unidos e 26%, na Europa. O restante foi obtido nos mercados da Ásia, África, América Latina e Austrália. "A participação do Brasil é ínfima", afirma.
Mas, a perspectiva para os próximos anos é de mudança. Martha observa que os mercados europeu e americano de terceirização de TI estão consolidados. "O potencial de expansão de vendas na América Latina é maior", diz a executiva. Na região, as empresas começaram a fazer mais uso desse tipo de serviço recentemente. No caso do Brasil, as concorrentes HCL e Infosys só se instalaram no ano passado. Outra rival, a Satyam, chegou ao país em 2007, um ano depois da Wipro. Antes, o mercado contava com a indiana TCS e as americanas IBM e Hewlett-Packard (HP).
A chegada dessas companhias se deve ao crescimento da demanda acima da média global. Em 2009, o mercado mundial de terceirização cresceu 2%, movimentando US$ 124 bilhões. O mercado brasileiro aumentou 4,47%, para R$ 6,6 bilhões (US$ 3,5 bilhões), segundo dados da consultoria International Data Corporation (IDC). Para este ano, a expectativa é de que o mercado global cresça 5,5%. O Brasil, por sua vez, terá incremento de 8,2%, estima o presidente da IDC Brasil, Mauro Perez.
Para a Wipro, que no ano passado teve crescimento global de 6% em receita, Martha prevê uma expansão mundial nas vendas de 8% em 2010. No Brasil, ela estima que a empresa crescerá 16%.
Veículo: Valor Econômico