Com o Google e a Intel liderando um esforço das companhias de tecnologia para mudar a face da televisão, o setor está sendo forçado a repensar radicalmente seu modelo de negócios.
Isso poderá significar a distribuição gratuita de aparelhos de TV, como uma mudança do foco em direção à venda de serviços, segundo ideias que foram discutidas na semana passada na conferência anual da Society for Information Display em Seattle.
Em 2010, a indústria de telas está promovendo três avanços na televisão de uma só vez ? o 3D, a conectividade com a internet e o sistema LED. Este último permite a fabricação de aparelhos mais finos, que consomem menos energia.
A Sony está usando chips da Intel e software do Google para os novos aparelhos de TV com conexão à internet, que serão lançados no quarto trimestre. Executivos afirmam que eles não terão funções 3D e serão voltados para um tipo diferente de consumidor.
Por outro lado, a Vizio, principal marca de TV com telas de cristal líquido dos Estados Unidos, planeja oferecer aparelhos de 55 polegadas por cerca de US$ 2 mil até o fim do ano, combinando 3D, conectividade à internet e LED. Isso marca um rompimento dos ciclos de produtos do passado, em que uma grande inovação era introduzida a cada dois anos. "O ritmo certamente é desafiador: em 2010, já temos essa aposta tripla de grandes inovações", disse o analista da consultoria DisplaySearch, Paul Gagnon, durante a conferência.
Essa mudança de ritmo está desafiando os fabricantes a apresentar mais inovações, de acordo com o novo ciclo de vida dos produtos, de seis a 12 meses, para atender a mudança de expectativa dos consumidores. "A questão é: conseguirá esse mercado, onde os volumes são grandes e a lucratividade muito baixa, realmente se sustentar, ou podemos estar à beira de uma mudança no modelo de negócios da televisão?", disse Gagnon.
Isso exigiria um mudança de mentalidade dos compradores e vendedores - os consumidores esperam que o aparelho de TV dure cerca de dez anos, mas a aceleração das inovações, especialmente nos serviços de conteúdo da internet, poderá fazer os televisores parecerem ultrapassados muito antes desse período.
"Você não pode simplesmente lançar um aparelho de TV com cinco a seis serviços e achar que ele vai durar de sete a 11 anos", afirmou Richard Bullwinkle, da Rovi, companhia de proteção de conteúdo digital e guia televisivo.
"Teremos que olhar para outros modelos, como software, serviços e atualização de aplicativos, vendas de dispositivos de extensão e receitas intermitentes", disse Bullwinkle. "É uma oportunidade incrivelmente animadora comparado a ter de esperar que alguém substitua um grande televisor."
Gagnon, da DisplaySearch, diz que o início dos aparelhos de TV que se conectam à internet criou uma espécie de território selvagem para os fabricantes de televisores. Eles podem jogar com a integração de novos serviços on-line ou se concentrar na produção de monitores de alto desempenho, mas que não são "inteligentes".
O setor poderá até mesmo seguir o caminho trilhado pela telefonia móvel, com os televisores vendidos a preços subsidiados. Desta forma, poderia disseminar a comercialização de serviços de conteúdo por assinatura, que seriam carregados nos aparelhos. "Estamos testemunhando o fim da televisão, novas tecnologias vão se impor, a televisão está sendo substituída pelas telas de entretenimento", disse Ken Lowe, um dos fundadores da Vizio.
Veículo: Valor Econômico