Com aumento da concorrência, empresas fazem parceria para tentar conquistar comerciantes e classes mais baixas
Meta é ter 1 milhão de novos clientes por ano a partir de 2012; mais da metade desse total deve vir das classes C, D e E
Em meio ao aumento da concorrência no mercado brasileiro de cartões, as empresas se mobilizam para ganhar a preferência dos comerciantes. E miram as classes mais baixas.
A credenciadora de cartões Cielo, que perdeu a exclusividade com a bandeira Visa em julho deste ano, e a operadora de telefonia Oi apostam no aumento do uso do celular como veículo para processar pagamentos.
As empresas anunciaram a criação de uma joint venture -o controle da nova empresa será dividido meio a meio. Cielo e Oi não quiseram revelar o valor investido no negócio.
Esse grupo, que ainda não tem nome e deve começar a funcionar em 180 dias, mira a praticidade que o celular confere aos pagamentos com cartão.
O lojista digita, no aparelho, o número do celular ou do cartão do consumidor, o valor da compra e a forma de pagamento (parcelada ou não).
Em seguida, o comprador recebe, via mensagem de texto no seu próprio celular (SMS), as informações sobre a transação, que pode ou não ser aprovada por meio de uma senha pessoal.
No celular do cliente, inclusive, pode haver um "cartão virtual" cadastrado no chip.
O novo mecanismo não exclui as maquininhas tradicionais da Cielo em funcionamento hoje -cerca de 1,8 milhão de terminais.
Com a associação, Cielo e Oi pretendem alcançar pequenos comerciantes, que poderão usar o celular para receber os pagamentos.
"Queremos chegar a mercados que estão "na periferia" do setor de cartões do país", disse Eduardo Chedid, vice-presidente de soluções em negócios da Cielo.
CLASSES C, D E E
A Oi acredita que os pagamentos com cartão via telefone celular possam incluir, por ano, a partir de 2012, 1 milhão de novos clientes à base da joint venture com a Cielo. Sendo que, desse total, mais da metade deve pertencer às classes C, D e E.
"Cerca de 11 milhões de estabelecimentos no país poderiam passar a aceitar cartão. E a maior credenciadora, a Cielo, atende menos de 2 milhões. O potencial do mercado é enorme", diz João Silveira, diretor de mercado da Oi.
CUSTOS
A Cielo informou que, a princípio, o custo para o lojista do serviço via celular vai ser o mesmo cobrado atualmente pelo aluguel das maquininhas: R$ 9,90 por mês.
Mas a empresa disse também que o valor vai ser reavaliado quando o negócio estiver operando, a partir do primeiro semestre de 2011.
Ainda de acordo com a Cielo, a plataforma de pagamentos não é exclusiva para os celulares da Oi. Outras operadoras podem aderir ao sistema no futuro.
Antes de Cielo e Oi, Redecard e Vivo já haviam anunciado uma parceria similar, com o Itaú, para que os telefones celulares dos consumidores sejam usados como cartão de crédito, substituindo o dinheiro de plástico.
Em teste há quatro meses, a iniciativa deve ser lançada comercialmente no mês que vem, direcionada aos 300 mil usuários do cartão Itaucard Vivo, com bandeira MasterCard.
Além disso, a credenciadora já oferece o serviço Redecard Móvel a 11 mil vendedores que utilizam o celular como máquina de cartão.
Veículo: Folha de S.Paulo