HSM, de automação, comemora avanço no País

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Cássio Pedrão, diretor da Honeywell Scanning Mobility do Brasil (HSM), uma divisão do gigantesco conglomerado norte-americano Honeywell, conta que o setor de automação tem crescido a taxas chinesas no Brasil. Apenas a título de exemplo, no começo deste ano o segmento projetava expansão de 15%. No entanto, o avanço já ultrapassa 20%. No caso de sua empresa, está até superior.

 

Ainda de acordo com Pedrão, o setor varejista é um dos responsáveis pela expansão da automação no Brasil. É justamente por estar atuando em um segmento que passou praticamente ileso pela crise de 2008 e 2009, que o executivo diz que sua empresa conseguiu fechar dentro do projetado mesmo nesses anos.

 

Dentro do setor varejista, ela atua como fornecedora dos tradicionais leitores de códigos de barras. Boa parte disso, segundo o executivo, vem da China, mas ele não descarta a implantação de uma fábrica no Brasil.

 

Mas não é apenas no comércio que a Honeywell Scanning Mobility do Brasil atua: a empresa também está presente no segmento de estradas, por exemplo.

 

Cássio Pedrão deu entrevista para o programa Panorama do Brasil, que é uma parceria da TVB com o jornal DCI e com a Nova Brasil FM. O programa é comandado por Roberto Müller e contou com a participação de Márcia Raposo, diretora de Redação do DCI. Veja a seguir alguns trechos da entrevista do executivo.

 

Roberto Müller: Eu queria pedir ao Cássio que contasse um pouco do ritmo desse crescimento. Eu sei que a divisão que o Cássio preside é uma divisão com a qual a gente lida sem perceber, que está presente na vida do comércio e da indústria e, muitas vezes, você não sabe que você está comprando e lidando com tecnologia e com soluções que eles apresentam.

Cássio Pedrão: Bom, na verdade é um segmento bastante interessante, é um segmento de automação. A gente convive com ele no dia-a-dia, a gente utiliza as ferramentas, os equipamentos de automação no dia-a-dia, muitas vezes a gente como cliente, como usuário acaba não percebendo, mas acho que é para isso mesmo que ele existe. É aquele equipamento que quando você não nota é que está tudo correndo bem. Então o fato de você ir num supermercado e estar sendo atendido e passar rapidamente pelo caixa, pelo check-out, isso significa que as nossas soluções tão funcionando.

 

Roberto Müller: O que vocês fazem, por exemplo, em um supermercado?

Cássio Pedrão : A Honeywell Scanning Mobility é uma divisão da Honeywell que tem foco em equipamentos de leitura automática e captura de dados. O que quer dizer isso? Trocando no popular, são os leitores de códigos de barra que estão presentes em praticamente todos os check-outs [caixas] do Brasil e do mundo. Alguns outros leitores um pouco mais sofisticados e um pouco mais simples, aqueles de mão e mesmo aqueles que ficam instalados no próprio check-out, outros tipos de leitores que são para aplicações mais específicas e também coletores de dados, que é uma parte um pouco mais difícil ainda de um cliente comum verificar. São poderosos computadores de mão, computadores portáteis, que têm uma alta robustez, quer dizer, resistência à queda, e que têm rodando em si, como programas, uma variedade de aplicações. Por exemplo, desde um leiturista de conta de luz, de conta de água, pode utilizar esse equipamento e até mesmo um supermercado pode utilizar para fazer o controle do seu estoque, controle de inventário, gestão de preço em gôndola.

 

Márcia Raposo: Cássio, aproveitando que você está lá com a maioria da sua produção na China e o mercado no Brasil cresce fortemente, pode-se dizer que o comércio brasileiro está crescendo a taxas bem firmes no momento? Mais ou menos a taxas chinesas também. Como é a sua programação? Você tem feito estoques locais? Você tem programado estoques sobre águas?

Cássio Pedrão: Para atuar no Brasil, a gente chegou à conclusão de que o melhor mundo é realmente a gente investir em estoque local. Então a nossa operação está muito embasada num estoque adequado aqui pro Brasil. Sempre é difícil ter o produto certo, na hora certa, mas a gente, graças à experiência que adquirimos ao longo dos últimos anos, graças à intimidade que temos com a nossa rede de distribuição e com os nossos revendedores e uma análise muito próxima da dinâmica do mercado, como é que o mercado tem se comportado, essa sazonalidade, a gente consegue manter níveis de estoque no Brasil de forma a atender à demanda, atender à sazonalidade, atender até mesmo a picos causados por algum outro fenômeno que aconteça na economia brasileira. Realmente não é fácil trazer produto da China aqui para o Brasil. Praticamente todo mundo que trabalha com isso sabe dessa dificuldade.

 

Márcia Raposo: Numa hora dessas, do ponto de vista gerencial, não dá uma tentação de aproveitar esse dólar baixinho e pensar "pôxa, 2011, minha carteira de pedidos do setor está tão boa, será que eu vou aumentar?" Quer dizer, a tentação não é reforçar estoques com um dólar desses, sabendo que a gente vai ter uma troca de governo pela frente? Como é que você está pensando em 2011?

Cássio Pedrão: Seria verdade alguns anos atrás, mas acho que hoje a gente, pela expressão, pela proximidade que a gente tem com esse mercado e analisando bem as tendências financeiras e econômicas, mesmo políticas no Brasil, acho que o Brasil está bastante blindado a isso e a gente também está apostando que o dólar vai permanecer baixo. Então, na verdade, a gente não tem nenhum, o que tem tido é uma aceitação maior a se fazer investimentos em produtos importados, porque como eles são dolarizados, está cada vez mais fácil, a moeda brasileira está cada vez mais forte, então o peso de um produto importado está cada vez menor. Agora, sobre a tentação de fazer estoque, a gente prefere que os nossos distribuidores trabalhem com o estoque padrão deles, que gira em torno de 40, 45 dias, até 60 dias, depende muito do produto. Isso para nós é o suficiente.

 

Roberto Müller: Fazer fábrica no Brasil?

Cássio Pedrão: Não vou dizer que não seja uma opção. Acho que eu devo dizer que a HSM é uma empresa nova, ela tem dois anos praticamente e ela veio da aquisição de duas empresas, de uma empresa chamada Hand Held Products e uma empresa chamada Metrologic Instruments. Essas duas empresas foram compradas pela Honeywell, eram duas empresas americanas. Eu praticamente vim, desde seis, sete anos atrás da Metrologic. Nós estamos no meio de um estudo bem detalhado para ter uma operação de fabricação aqui, no Brasil, de alguns itens. Isso foi interrompido, mas não deixa de ser um elemento novo para nossa estratégia futura, isso tudo tem de ser discutido na organização e é uma questão de momento também. O momento hoje está bastante favorável à esse tipo de investimento, mas é uma decisão que tem que ser tomada de forma corporativa. Eu pessoalmente acredito nesse modelo e tenho me empenhado bastante para favorecer a implantação no Brasil.

 

Márcia Raposo: Cássio, agora falando um pouquinho de projeções para o Brasil e para a economia brasileira, dentro do seu ramo de negócio, que é automação, como é que imagina que vai ser o crescimento de 2010 na área de automação comercial-industrial e o que você está projetando para 2011?

Cássio Pedrão: Existem indicadores que a gente trabalhou no início do ano que apontam que a automação no Brasil teve um crescimento da ordem de 15%. Posso lhe garantir que isso tem se demonstrado superior. Claro que quando a gente fez as primeiras previsões, elas tinham ainda muita consequência da crise, seja lá o que for que aconteceu aí no período de 2008 pra 2009. Mas esse resultado ta se demonstrando bastante acima do esperado, poderia julgar que está mais para 20% para o mercado como um todo. Especificamente para a HSM, ele ainda está superior a isso, por uma série de razões, mas principalmente porque, como eu falei, nós juntamos força de duas empresas e estamos praticamente desbravando um mercado que antes para nós não existia.

 

Roberto Müller: Cássio, eu queria saber, para uma empresa com as características da sua, como vocês enfrentaram a crise? Como é que foi a crise do ano passado para vocês? Quando ela começou? Quando ela terminou? Se é que terminou e por quê. Se é que é verdade, no Brasil a crise começou depois e terminou antes?

Cássio Pedrão: Na verdade acho que a crise teve um fator psicológico muito grande no mercado. Acho que esse é o julgamento que todo mundo pode dar. No setor de automação não foi diferente.

 

Roberto Müller: Foi marolinha?

Cássio Pedrão: No resultado final ela acabou sendo, mas ela teve uma grande preocupação no primeiro trimestre de 2009. As nossas vendas para os distribuidores praticamente foram nulas durante um trimestre. O que aconteceu nesse período? Como a gente tem uma análise muito aprimorada do mercado, baseado no sales out, naquilo que o distribuidor vende para o mercado, a gente percebeu que o nível de venda, ou melhor, o nível de compra do mercado continuou dentro de uma certa normalidade dentro do primeiro trimestre. Então por que nós vendemos menos para os nossos distribuidores? Porque, é claro, a preocupação pela crise trouxe o grande jargão do mercado: caixa é rei. Todo mundo quis fazer caixa. E o que aconteceu? Os nossos distribuidores passaram a reduzir o estoque, e eles passaram a trabalhar com um nível de estoque mais padronizado. De um estoque muito alto, eles passaram a trabalhar com um nível de estoque saudável para a empresa deles. Isso obviamente causou para nós um impacto, então no primeiro trimestre a gente sentiu realmente uma diminuição de venda para os nossos canais. Contudo, o quarto trimestre de 2009 já foi tão bom, tão bom, que a gente praticamente recuperou o resultado do ano todo e a gente pode dizer aí que fechamos dentro das expectativas.

 

Roberto Müller: Vocês também atuam em outros segmentos. Onde é que vocês atuam numa estrada, por exemplo?

Cássio Pedrão: Bom, falando como setor de automação, você pode ter diversas áreas, desde a parte de câmeras até o controle de arrecadação de pedágio. Você tem sistema de automação nas cabines, você tem controle de patrimônio, ou seja, tudo o que está por trás de qualquer empresa também está numa estrada e sem dúvida nenhuma, na iniciativa privada. E onde a eficiência é uma condição de sucesso a automação está por trás. Quer seja no chip de leitura para você passar na catraca, quer seja na cabine de arrecadação, quer seja no controle de rota do caminhão que está fazendo o teu atendimento. Por exemplo, eu posso ter um equipamento meu num caminhão daqueles de SOS da estrada, onde ele recebe o comando, sem rádio, sem nada, indicação onde está o veículo, o GPS já está integrado nessa solução, tudo rastreado automaticamente, então ao invés de você ter dez caminhões você tem dois caminhões.

 

Márcia Raposo: Queria voltar um pouquinho para comércio. Nós, no DCI, temos feito muitas matérias sobre um deslocamento muito sensível de capital para lojas no nordeste. Quer dizer, a gente viu Insinuante casar com Ricardo Eletro, a gente está vendo o deslocamento do Grupo Pão de Açúcar através da compra do Ponto Frio e da Casas Bahia, usando muito mais Casas Bahia para invadir o nordeste, Magazine Luiza. Há um deslocamento forte do varejo para o nordeste. Você teve de fazer o quê? Teve de ampliar os seus representantes lá, como é que está? Ou você continua vendendo aqui mesmo? Porque me parece que com essa ascensão da classe C, D e E, por alguma razão o nordeste se encaixa perfeitamente nesse perfil e é para lá que, digamos, os desbravadores estão indo. A gente fica assustado quando vê gente dizendo assim: eu vou abrir 100 lojas na Região Nordeste. Então eu queria te perguntar: o mercado grande de automação comercial também está se deslocando para o nordeste?

Cássio Pedrão: O centro de decisão ainda é muito aqui, em São Paulo, Rio, Minas, ainda está nesse eixo mais relacionado à Região Sul. Mas decidir pela compra é só uma parte daquilo que a gente tem de fazer. Então é óbvio que a gente tem de pensar na nossa estrutura. Sem dúvida a gente tem os olhos para isso, e para dar uma ideia de como a Honeywell é no Brasil hoje, a gente tem, por ano, praticamente quatro mil revendedores que adquirem produtos através dos nossos distribuidores. Para atender a base instalada, nós temos perto de 150 credenciados de assistência técnica que têm condições de fazer o pós-venda. Quando a gente fala num grupo desses, Riachuelo, é claro que a gente não está falando de qualquer revenda, vender para loja, a coisa é praticamente tratada aqui, em São Paulo, por um ou outro canal ou muitas vezes por um integrador, uma empresa de porte maior que acaba oferecendo a solução toda. Então, quase tudo ainda acontece em São Paulo.

Porém o nosso pós-venda, sim, ele tem-se deslocado e a gente tem feito algumas ações para poder abrir esse serviço de pós-venda em pontos mais distantes de São Paulo. Muitas vezes a gente já tem um credenciado ou um ponto de assistência técnica, mas pela área, pelo parque instalado, a gente precisa de dois, três, quatro. Então a gente tem feito um trabalho desses. O que eu posso lhe dizer é que com certeza tem sido feita muito mais abertura de credenciados fora do eixo sul, ou tanto para o nordeste quanto para o centro-oeste, do que aqui para a região hoje. Então é verdade isso que você está falando. É a região de crescimento? É. É a região onde é o próximo passo de automação? Muito provavelmente, sim. Não quer dizer que São Paulo vai deixar de ter o poder que tem, mas, sem dúvida nenhuma, finalmente o Brasil está abrindo os olhos para fazer esses investimentos fora daqui, da metrópole São Paulo.

 

Márcia Raposo: E na área de automação industrial, onde você também atua? Aí está mais centralizado ainda que o sul-sudeste ou não? Também tem deslocamento?

Cássio Pedrão: Não, a gente se surpreende com as indústrias que estão fora de São Paulo. E aí a gente é muito mais exigido, porque a automação industrial é muito mais complexa, talvez não mais complexa, mas ela é muito mais seletiva, tem muito menos revendedores, muito menos canais que são especializados em industrial. E hoje o que a gente percebe é que eles precisam estar ocupando um espaço muito maior. O que acontece muitas vezes é o deslocamento de canais aqui de São Paulo para irem atender clientes em Manaus, Recife, Fortaleza, Natal e mesmo em cidadezinhas menores. Então, muitas vezes acaba acontecendo isso. Então, eu posso dizer que a gente está testemunhando um "esparramamento" de empresas no Brasil.

 


Veículo: DCI


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