Disparada de compra coletiva requer atenção

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O boom de crescimento dos sites de compras coletivas no Brasil, que hoje já são mais 1.025 em atividade, traz consigo uma série de cuidados tanto para os novos players do mercado quanto para o consumidor final. De acordo com analistas do varejo, a decisão de abertura imediata de um portal de compras pode pular algumas regras básicas para a boa execução do negócio.

 

"Hoje todo mundo que pensa na abertura de um novo negócio parte para um site de compras coletivas, mas esse pode ser um erro comum na hora de investir algum dinheiro", afirmou Leandro Ferraz Junior, professor de Economia e Negócios da Universidade Metodista de São Paulo.

 

E a ânsia pelo novo negócio é explicada em números, de acordo com o portal Bolsa de Ofertas, que monitora o desempenho das compras coletivas no Brasil, em dezembro houve mais de 13 milhões de acessos a esse tipo de site, além de um faturamento estimado de R$ 500 milhões de maio a dezembro, e 2 milhões de transações no mesmo período.

 

O bom número, no entanto, nem sempre significa uma oportunidade para todos os perfis de investidores. "Hoje o mercado já está bem cheio, e não temos nem um ano do segmento no Brasil. É preciso pensar muito bem no diferencial antes de lançar uma novidade no quesito compras coletivas", afirmou Junior.

 

"Para o pequeno empresário, começar um negócio de compras coletivas é arriscado, visto que o espaço que ainda sobra é tomado por grandes investidores ou grandes grupos já ligados à mídia", diz o acadêmico.

 

Para o diretor de Marketing da e-bit - empresa especializada em estudos do comércio eletrônico - Alexandre Umberti, mesmo com o crescimento de portais, ainda existe um grande mercado em potencial. "Existem no Brasil atualmente 80 milhões de usuários da internet. Desse total, a estimativa é de que entre 9 e 10 milhões de pessoas sejam clientes desses sites", diz.

 

Opinião compartilhada pela diretora de Comunicação do Peixe Urbano, Letícia Leite. "O brasileiro é um povo que tradicionalmente gosta de compartilhar produtos e experiências. Isso, somado ao crescimento do número de usuários da internet mostra que ainda existe muito espaço para crescer", destaca.

 

Na opinião de Umberti, passada a febre inicial desses sites, a expectativa é que o mercado entre em uma fase de consolidação.

 

"Atualmente existem no Brasil muitos sites de compras coletivas, e a expectativa é que esse número passe algum tempo crescendo ainda. Assim como aconteceu com a própria internet, a tendência é que, depois de algum tempo, muitos destes sites desapareçam, muitos deles por meio de fusões", afirmou.

 

Segmentação

 

Ainda segundo o dirigente do e-bit, no futuro existe a possibilidade da segmentação dos sites de compras coletivas. Atualmente, o brasileiro já conta com oportunidades de compras coletivas para mães, noivas, homens, e até um portal especifico para compras coletivas privê. (para associados maiores de 18 anos). Esse boom, de acordo com Sérgio Oliveira, presidente do site de compras coletivas City Best também atrapalha o desempenho dos players mais antigos. "Muitas vezes, por fechar acordo com um site de compras coletivas não muito estruturado, alguns estabelecimentos fecham as portas para todos os outros players", afirmou.

 

Para tentar criar um diferencial no mercado, o City Best lançou este mês um serviço de "franquia" de compras coletivas. Em associação com blogueiros e outras figuras do cenário virtual, a ideia é que cada parceiro crie seu próprio site de compras coletivas e use as ofertas oferecidas pelo City Best. "Nosso objetivo é aproveitar esse momento de crescimento e organizar para que os novos players possuam estrutura para isso", diz o executivo.

 

Grandes colhem frutos

 

Entre os portais mais acessados no Brasil, a Groupalia já vislumbra um faturamento superior ao de mais US$ 100 milhões em 2011, além da expansão da atuação para mais dez cidades nos próximos seis meses no Brasil

 

Presente em seis países - Espanha, Itália, Brasil, México, Chile e Argentina -, a expectativa é de um crescimento de 1.250% ante ao faturamento de 2010 quando a receita foi de US$ 8 milhões.

 

O crescimento exponencial de portais, no entanto, não intimida Henrique Iwamoto, country manager da empresa no Brasil."O Brasil continua sendo o foco do grupo, até por ser um país onde a internet cresce rapidamente, e também por contar com um perfil de usuário que está sempre atento a promoções e boas oportunidades".

 

Concorrência

 

Para Daniel Funis, sócio do GroupOn, o aumento da concorrência é saudável, e apenas do grandes continuarão no mercado nos próximos anos. "O conceito não irá declinar, as compras coletivas não vão desaparecer, e o diferencial estará nos portais mais preparados", comentou. Hoje, o GroupOn está presente em 26 países e o grupo faturou US$ 500 milhões em 2010. "Trabalhamos mapeando o perfil do cliente para encontrar produtos e serviços interessantes e trabalhar em conjunto com o parceiro para veicular a marca GroupOn. Em um dia, trazemos mais de 600 novos clientes para uma pequena empresa, por isso a ferramenta funciona tão bem e está crescendo rápido", diz.

 

Provando o potencial da ferramenta ao redor do mundo, o gigantesco Google ofereceu, no final do ano passado, aportes de US$ 6 bilhões pelo GroupOn. O grupo rejeitou a proposta.

 

No Brasil, grandes empresas querem colocar os pés no setor, como os grupos Abril e RBS, que adquiriram ou lançaram seus próprios sites de compras coletivas, respectivamente Bananarama e Desejomania-, da mesma forma que o apresentador Luciano Huck que tornou-se sócio-investidor do Peixe Urbano nos últimos meses. "Os movimentos mostram esta direção natural que o comércio está tomando. Esse tipo de modalidade permite que empresas que tinham dificuldade de investir no e-commerce, passem a explorá-lo", enfatiza o diretor do GroupOn.

 

Veículo: DCI


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