No débito, a chamada nova classe média gasta R$ 273 bilhões por ano em compras virtuais. "Se considerarmos o crédito disponível, esse montante dobra", afirma Renato Meirelles, o sócio-diretor do instituto de pesquisa Data Popular, de onde vêm a informação.
Com renda mensal familiar de R$ 1.064 a R$ 4.591 - na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) -, a classe C representa 80% dos acessos feitos à Internet no Brasil, segunda o Data Popular.
"A novidade não está na chegada da classe C no varejo digital, mas na força com que eles chegaram a esse mercado", disse Opice Blum, o presidente do Conselho de Tecnologia da Informação e Comunicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Segundo outro estudo, a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (e-PCCV), realizada pela Fecomércio em parceria com a empresa e-Bit, o faturamento do e-commerce já supera a soma dos balanços de todos os shopping centers do Estado de São Paulo.
"A Internet radicalizou o poder de escolha e de comparação de preços e produtos que o controle da inflação concedeu há 15 anos", observou Meirelles. De acordo com o sócio-diretor do Data Popular, houve uma democratização da informação e, com ela, do poder de compra, a partir do comércio virtual.
Nova realidade
Especialista no assunto, o sócio-diretor da empresa Ponte Estratégia, André Torreta, tem a seguinte opinião: "A classe C não é um nicho de mercado, é a realidade brasileira". O executivo reuniu-se nesta semana com outros especialistas, todos a convite da Fecomércio, para discutir o tema "A Classe Média na Internet".
De acordo com dados do instituto de pesquisa Data Popular, a classe C é responsável por 78% do que é comprado em supermercados, 60% das mulheres que frequentam salões de beleza e 70% dos cartões de crédito utilizados no País. "Hoje, é impossível fazer qualquer plano de comércio sem considerar esta classe", disse Meirelles, o sócio-diretor da entidade.
De volta ao varejo digital, a e-Bit estima que, até o final do ano, o universo de brasileiros que realizam compras pela web deve alcançar 28 milhões de pessoas. "Os produtos mais comprados pela classe média na Internet são: eletrodomésticos, informática, livros e telefonia celular", comentou Pedro Guasti, diretor-geral da e-Bit.
"Em média, por mês, o gasto médio das famílias com renda de até R$ 3 mil é de R$ 321", completou o diretor. O sócio da Ponte Estratégia, André Torreta, avalia que a "digitalização" da nova classe média está sendo desenvolvida via celular, e não pelo computador - há 230 milhões de linhas móveis no Brasil.
Veículo: DCI