O número de internautas que utilizam a rede de computadores para comprar produtos e serviços ainda é considerado pequeno, segundo a pesquisa Vendas On-line no Brasil, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Dos 63 milhões de internautas no país em 2009, 11,97 milhões (19%) compraram pela internet.
De acordo com estimativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os mercados de países como Brasil e México têm um potencial de ganhos em produtividade no setor de 260%.
Ontem, durante a apresentação do estudo, o pesquisador do Ipea, Luis Claudio Kubota, falou da falta de mão-de-obra qualificada como um dos problemas a serem superados para que o Brasil possa deslanchar no comércio eletrônico.
"A carência é da ordem de 70 mil profissionais da área de TI, com tendência de se agravar nos próximos anos", disse Kubota.
O estudo, que utiliza dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) de 2009, demonstra que 59% dos internautas da classe A já compram produtos e serviços on-line. Esse percentual decresce à medida que a renda diminui: 33% usam o serviço na classe B, 13% na C, e 5% na D/E.
Os moradores do Sudeste usam, proporcionalmente, mais os serviços de compra on-line. Na região, 23% dos internautas usam esse canal de venda. Em seguida, estão as regiões Sul (20%), Norte e Centro-Oeste (19%) e Nordeste (12%).
A faixa etária dos internautas que mais usam o comércio eletrônico é a que vai de 35 a 44 anos, com percentual de 29%.
Quanto ao grau de escolaridade, os usuários de internet com nível superior estão à frente (41%), seguidos pelos de nível médio (18%) e ensino fundamental (7%).
Entre as pessoas com acesso à internet na área urbana, 20% utilizam o comércio eletrônico, frente ao percentual de 9% do total de internautas da zona rural.
Ao considerar a questão de gênero, 22% dos homens com acesso à internet compram na rede, sobre 17% das mulheres com o recurso.
De acordo com a pesquisa, o usuário que dispõe de acesso à internet na residência está mais propenso a se tornar um comprador on-line do que aquele que faz uso de "lan house" e telecentros. Essa constatação, segundo o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Luis Claudio Kubota, está alinhada a resultados de pesquisas relacionadas a outras propostas de utilização da internet, como a modalidade de educação a distância.
Quem acessa a internet em casa, e não apenas no trabalho, escola ou terminais de acesso coletivo, tende a passar mais tempo diante do computador, desenvolver habilidades relacionadas a redes sociais e à utilização de aplicativos e mecanismos de proteção, como os anti-vírus.
Para Kubota, o internauta com essas características tem maior probabilidade de gerar demanda no comércio on-line.
Veículo: Valor Econômico