O cliente quer ser bem tratado e agilidade no atendimento. E como ele sempre tem razão os estabelecimentos comerciais tratam de se adaptar para cumprir esses dois mandamentos básicos. A automação é a primeira aliada do comércio nesta hora. Ela não se restringe mais à retaguarda, está muito presente na frente do consumidor, justamente para lhe dar autonomia, conforto e confiança na escolha da mercadoria ou do serviço.
No supermercado, ele tem um scanner na mão para a leitura dos produtos. Nem precisa empurrar o carrinho, pois a lista eletrônica é deixada no caixa para ser entregue depois. Em outro, as etiquetas são alteradas automaticamente pelo computador, via antenas, permitindo reduzir as falhas entre o preço da mercadoria e o cobrado no caixa, além de atualizarem as promoções de prateleira. Nos bares e restaurantes de São Paulo, vemos cada vez mais aparelhos móveis, tablets ou iPods, nas mãos dos garçons e nas mesas usados como cardápios virtuais que se comunicam com as impressoras da cozinha para montar o prato, poupando valiosos minutos na espera, especialmente quando se está com fome.
"Usamos tecnologia de ponta para evitar erros nos pedidos e na cobrança, com isso, minimizamos confusão na cozinha, programamos melhor os estoques, e, principalmente, damos mais conforto ao cliente", resume o Horácio Ferreira Gabriel, sócio proprietário do Hocca Bar, um dos ícones da gastronomia popular paulistana, e famoso pelo seu bolinho de bacalhau e sanduíche de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo. Ali, ele serve cerca de 800 lanches por dia, cujos clientes sempre estão com pressa na hora do almoço. Há seis anos utiliza o sistema Bematech Chef, software integrado no PC e com um menu amigável na tela touch, o que facilita o pedido pelo próprio consumidor (ou pelo auxiliar). É um programa de gestão voltado ao segmento de alimentação, com vários módulos que se adaptam a restaurantes e padarias de todos os portes. Ele mostra o giro de mesas, o número de lanches/pratos vendidos por dia, qual deles é o mais solicitado no dia ou na semana, quais os ingredientes que faltam no estoque.
"O cliente não quer só a comida, ele quer ser bem atendido e que seja rápido", lembra Gabriel, justificando a adoção de um módulo móvel (para comandas) do software Chef em seu novo restaurante no Mooca Plaza Shopping, inaugurado em dezembro passado e com 400 lugares. O software foi embarcado em iPods e são manuseados pelos 15 garçons para fazerem os pedidos à cozinha. "O iPod é menor e mais fácil de operar". O restaurante possui rede Wi-Fi para a comunicação do sistema com o caixa central, de onde é enviado o pedido para as quatro impressoras da cozinha (fogão, pastelaria, sanduíches e setor de sucos e sobremesas). Ele permite fracionar pizzas meio a meio, faz a conferência de mesas e fecha a conta.
A Esys Colibri há 20 anos vende sistemas de automação para o segmento de alimentação, gerenciando frente de caixa, estoques, custos dos ingredientes e dos pratos, alteração de preços, de menus, contas a pagar, área fiscal e financeira. A empresa tem 16 mil clientes no País e, em 2011, lançou uma nova versão do programa Colibri Evolution com novos módulos em tablets (Android e Apple) e em iPods, integrando-os ao gerenciamento na cozinha e no caixa. Bares e pizzarias – como a Sala Vip, Bar Brahma e Divina Comédia (de Ribeirão Preto) – estão usando a mobilidade para conveniência de seus clientes.
"Quando o consumidor visualiza as fotos dos pratos, ele se sente mais à vontade para pedir outras coisas e o comerciante acaba vendendo mais", avalia Maurício Medeiros, presidente da Esys Colibri. Na versão Evolution de controle de vendas foram adicionados recursos para proteger o local contra roubos, perdas e desperdícios através da identificação do funcionário, via leitura biométrica, ao acessar o software. Os preços do licenciamento do programa mais o suporte começam em R$ 230 mensais (os equipamentos podem ser comprados diretamente junto aos revendedores).
Leitores e etiquetas – Nos supermercados, a inovação também foca na comodidade durante as compras e também garante informações mais precisas para o varejista controlar seus custos, preços, estoques e movimento nas lojas. O Pão de Açúcar inaugurou duas lojas neste ano com a experiência do Personal Shop, agora são quatro unidades com essa tecnologia em São Paulo e em Tamboré. O cliente do programa de fidelidade informa num painel na entrada da loja se prefere que as compras sejam entregues em casa e fornece seu endereço.
O pacote de softwares e equipamentos é fornecido pela Seal e Motorola. Com um coletor de dados nas mãos, o cliente só precisa apontar para o código de barras do produto e, ao encerrar as compras, entrega o scanner no caixa para o pagamento. A opção de levar as mercadorias na hora é do consumidor. Ele também dispõe de um botão Personal para selecionar suas compras habituais e compor um perfil, visualizar a lista e localizar os produtos na loja, além de receber dicas de receitas por email.
Outro jeito encontrado pelo supermercado São Roque para aumentar a produtividade e reduzir o tempo perdido na atualização dos preços e promoções das mercadorias foi o uso de etiquetas com leitura infravermelho nas gôndolas. A tecnologia é aplicada desde dezembro numa unidade premium da rede em São Roque, com 2 mil itens já cadastrados. É um lugar para compras rápidas e com tíquete médio de R$ 30. "Escolhemos uma loja menor para testar o sistema e estamos muito satisfeitos com o resultado porque antes um funcionário levava mais de uma hora para atualizar os preços impressos, e havia erros manuais e de processamento, causando distorções entre os dados da gôndola e o cobrado no caixa. Agora tudo é feito em 15 minutos e com mais precisão", informa Tony Godinho, gerente de TI do São Roque.
Foram espalhadas antenas pela loja para que o sistema instalado no PC central se comunique com as etiquetas e faça a atualização sistemática pelo programa de gestão do supermercado. Quando existe alguma correção a ser feita ou algum produto está sem comunicação (por causa de alguma barreira ou caixa na frente) o sistema emite um alerta no computador. Essas etiquetas também se integram ao PDV do caixa e posteriormente também se comunicarão com a área de estoque, diz Godinho.
Os distribuidores de medicamentos, produtos de higiene pessoal, cosméticos, papelaria que trabalham com vários vendedores em campo para o pequeno varejo (farmácias, postos de serviços, delivery, mercadinhos de bairro, bares) também terão suas tarefas facilitadas com o Target MOB para Android. O software será lançado neste mês. Segundo o diretor da Target, Rafael Rojas Filho, a automação de força de vendas e ERP estarão juntas no aparelho móvel para atender a mais de 200 distribuidores com quem ela trabalha, e ajudarão cerca de 4 mil vendedores a finalizarem seus pedidos feitos pelos clientes varejistas. A única exigência é que o celular ou tablet do vendedor opere em 3G, para que essa comunicação com a distribuidora seja rápida. O vendedor mostrará ao varejista um catálogo eletrônico no tablet, a lista e fotos de produtos, como está o nível de estoques na distribuidora, o mix ideal para o seu negócio, o tipo de desconto que pode oferecer naquela venda e fechar a negociação em minutos, garante Rojas.
Veículo: Diário do Comércio - SP