Groupon busca mais qualidade em ofertas

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O Groupon se prepara para dar um salto em qualidade na sua operação no Brasil. Uma das estratégias da companhia para se manter na liderança do mercado de compras coletivas, a melhoria dos serviços também é crucial para garantir a perpetuidade de um modelo de negócio que surgiu em 2008, foi à bolsa em 2011, mas ainda não dá lucro.

Há três meses no cargo de vice-presidente da América Latina, Patrick Smith implementou no Brasil uma espécie de filtro para as ofertas. Agora, para ser aprovada, cada promoção precisará do "ok" de três instâncias - antes, era necessário o aval de apenas uma.

O processo para publicação de uma oferta, que durava dois dias, passou a se prolongar por quase uma semana. Foram contratadas mais de 30 pessoas para garantir o maior rigor e evitar, por exemplo, a venda de cupons em quantidade superior à capacidade dos estabelecimentos, reclamação recorrente dos consumidores.

A operação pente fino também inclui a tripla checagem da reputação dos estabelecimentos e dos locais onde eles estão situados. O foco na melhor prestação de serviços faz parte da fase de amadurecimento do Groupon em todo o mundo. "Nós adicionamos isso [maior controle de qualidade] conforme conhecemos mais o negócio. Obviamente não era nossa prioridade inicial", afirma Smith.

No ano passado, os sites de compra coletiva entraram no foco dos órgãos de defesa do consumidor. Em novembro, a Fundação Procon-SP autuou o Groupon e seus concorrentes Click On e Peixe Urbano por práticas como não garantir a qualidade dos serviços oferecidos, negar a devolução dos valores nos casos de não prestação do serviço e informar percentual de desconto incorreto, entre outros.

O novo departamento de qualidade do Groupon no Brasil começou a funcionar no começo deste ano, inspirado na experiência de Smith na Austrália, onde ele atuou como principal executivo do Groupon por um ano.

A companhia, que atua hoje em 49 países, está presente em 50 cidades brasileiras. Na semana passada, atingiu 20 milhões usuários cadastrados no país e uma média de cerca de 17.500 cupons vendidos por dia.

O maior concorrente do Groupon no país, o brasileiro Peixe Urbano, comprou o Grupalia em março. Mas aquisições estão fora dos planos do Groupon hoje. "Já somos líderes", afirma Smith. Ele acredita que é mais fácil aumentar a qualidade sem sair às compras. "Você nunca sabe realmente o que está comprando", afirma.

Além disso, a eliminação de alguns concorrentes fortes, via aquisições, não colocaria necessariamente o Groupon numa zona de conforto para praticar comissões mais elevadas. Na verdade, cobrar mais caro dos fornecedores, no momento, poderia ser um tiro no pé. "Nosso trabalho é sempre buscar o acordo perfeito para o consumidor e para o empresário, prestador de serviço. Se a oferta deixar de ser interessante para um dos lados, o negócio do Groupon não faz mais sentido", explica Smith.

Também não faz sentido para o Groupon, diz Smith, expandir sua atuação para uma quantidade muito maior de cidades. "Não há mais tantas com porte grande o suficiente para nós no Brasil."

Para sustentar o crescimento da empresa, o executivo quer atrair mais consumidores, com a exploração de novas categorias. "Isso é o bonito desse negócio. Testar não custa muito caro."

No consolidado global, a operação do Groupon ainda não saiu do vermelho, embora entre 2010 e 2011 o prejuízo tenha diminuído de US$ 456,3 milhões para US$ 373,5 milhões. No mesmo período, a receita aumentou 414%, para US$ 1,6 bilhão.

Na bolsa, o Groupon passa por uma má fase. No fim de março, a empresa teve que republicar balanço do ano e do quarto trimestre, devido a "deficiências significativas" nos seus controles internos apontadas por seus auditores independentes. Em menos de um mês, as ações recuaram 35,53%. "Sim, houve um erro de contabilização. Mas no final das contas não significa que nós vendemos menos negócios, ou fizemos menos dinheiro", comentou o executivo, ressaltando que a republicação dos números não alterou o caixa da empresa.

Desde a abertura de capital, em novembro, a companhia já perdeu mais de 40% do seu valor de mercado.


Veículo: Valor Econômico


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