Mobilidade é desafio para compra on-line

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O crescimento acelerado do comércio eletrônico no país, impulsionado pela ascensão da classe C e pelo aumento no número de internautas, deveu-se em grande parte ao amadurecimento dos programas de pagamento on-line. Sem esses softwares, que conectam sites a bancos e operadoras de cartão de crédito, é impossível cobrar do cliente. No país, pelo menos 15 empresas disputam o mercado. Muitas delas investem em outros tipos de pagamento fora de sites, à medida que os celulares ganham força como base de acesso à web.

A grande aposta do setor neste ano é no lançamento das carteiras digitais, um sistema que permite ao usuário adotar um cadastro único para vários cartões. Em vez de digitar o número do cartão cada vez que faz uma compra, o usuário digita apenas a senha da carteira digital. Quem cuida da segurança dos dados do cartão é a empresa de tecnologia. As companhias de pagamento on-line usam essa tecnologia para ampliar o seu raio de atuação, ao oferecer a carteira digital para uso por celular.

As empresas estimam que exista na web brasileira aproximadamente 300 mil lojas virtuais que já adotam softwares de pagamentos on-line. E há 5 milhões de micro, pequenas e médias empresas, das quais 1 milhão possuem acesso à internet e são clientes potenciais dessas companhias.

O PayPal, serviço de pagamento eletrônico da americana eBay, foi o primeiro a oferecer a carteira digital no país. Ontem, a companhia lançou com a Vivo um sistema para ampliar o uso desse serviço. A tecnologia, destinada a usuários de celulares mais simples, permite a recarga de celulares e o envio e o recebimento de pagamentos usando o telefone móvel, sem instalação de programas, ou acesso à internet. O cliente da Vivo que tem conta no PayPal faz um cadastro no site da operadora. Na hora da compra, digita o número "*777#" no celular para escolher se fará recarga ou pagamento. Ele, então, digita o valor da compra, que é debitado no cartão de crédito cadastrado na conta do PayPal.

"Esse sistema leva o PayPal a um novo nível no Brasil", afirmou Mario Mello, vice-presidente do PayPal para América Latina. A companhia está no país há dois anos e tem 4,4 milhões de usuários e 50 mil vendedores cadastrados. Mello diz que 4% dos recursos transacionados no país em 2011 tiveram origem em dispositivos móveis.

Para Igor Senra, presidente da Moip Pagamentos, as empresas de pagamento on-line buscam outros mercados para crescer. E não são apenas os usuários de smartphones. A Moip desenvolve tecnologias que vão permitir a usuários de celulares sem acesso à internet fazer pagamentos, disse Senra. "Também queremos atingir essa outra parcela da população."

O PagSeguro, serviço de pagamento on-line do UOL, também investiu na carteira digital para celulares. Em abril, a companhia lançou um serviço de pagamento para celulares que usa a tecnologia de comunicação por aproximação (NFC, na sigla em inglês). O serviço foi habilitado para celulares da Nokia com sistema de radiofrequência que permite a comunicação do aparelho com outros dispositivos sem contato direto. Com essa tecnologia, o vendedor ou profissional liberal pode usar o celular para receber de clientes. "O mercado de pagamento móvel no Brasil é novo, mas apresenta uma tendência de crescimento exponencial", afirmou Ricardo Dortas, diretor do PagSeguro. Ele estimou para o mercado total de pagamentos on-line um crescimento de 25% a 30%.

O uso da carteira digital para pagamento via celular também recebeu atenção do MercadoPago, pertencente ao Mercado Livre. Um dos princípios desse serviço consiste em concentrar os dados de cartões de crédito do usuário em bancos de dados que podem ser acessados remotamente de qualquer aparelho. "Dessa forma, a carteira digital pode se tornar aderente ao tipo de tecnologia que o vendedor preferir usar", afirmou Marcelo Coelho, diretor do MercadoPago.

A Braspagg, empresa controlada pela Cielo, investiu neste ano no desenvolvimento de um sistema antifraude para sites e na oferta da carteira digital, afirmou Gastão Mattos, executivo-chefe da Braspagg. "Também estamos investindo na criação de um software que permite o pagamento apenas com o uso de um código enviado para o aparelho", disse o executivo. Trata-se de um sistema de token - um serviço gerador de senhas, muito usado por bancos para reduzir riscos de fraudes eletrônicas. A Braspagg processou R$ 10 bilhões em transações financeiras no ano passado e prevê para este ano um crescimento de 80% do valor transacionado.

A Evolucard também investiu no desenvolvimento de um token para reforçar a sua oferta de sistemas de pagamento on-line. Jean Luc Senac, sócio-fundador da companhia, disse que o número de fraudes na internet aumentou muito no país à medida que os bancos adotaram os cartões com chip, mais seguros que os antigos cartões com tarja magnética. "A internet corresponde a 8% das transações bancárias, mas também representam 80% das fraudes no setor", afirmou. A Evolucard tem atualmente no país 25 empresas clientes. Atualmente, a companhia negocia com bancos a adoção do seu sistema de token para as operações bancárias por internet.

A Maxipago investiu em sistemas de pagamento pelo celular com leitor de cartão de crédito conectado ao celular e em sistemas que dispensam o uso de outros equipamentos. "Esse mercado ainda é pouco explorado no país e vai crescer exponencialmente nos próximos anos", afirmou Daniel Bento, cofundador e diretor de operações da Maxipago. A empresa tem cem clientes e prevê movimentar neste ano R$ 800 milhões em transações em seus sistemas de pagamento on-line.

De acordo com a e-bit, o comércio eletrônico vai crescer 25% em receita neste ano, para R$ 23,4 bilhões. As vendas on-line movimentam um montante equivalente a 2% do varejo no Brasil. Em economias maduras, como os EUA, o comércio eletrônico movimenta o equivalente a 5% do varejo total.


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