A expansão do comércio eletrônico (e-commerce) no Brasil gera uma série de desafios para as empresas. A venda pela internet e a interação com os clientes deixaram de ser diferenciais para se tornarem pré-requisitos em um negócio competitivo. Mas, até o momento, as companhias brasileiras, principalmente as de menor porte, reagem de formas distintas a essa recente lógica de mercado. Algumas já colhem os frutos por terem adotado estratégias online. Outras ainda não se atentaram para isso e deixam passar uma chance valiosa de alavancar o faturamento. Porém, a receita para prosperar na web passa por um ingrediente: planejamento.
“Estamos falando de um negócio que já movimenta bilhões de reais no Brasil. Ou as empresas começam a explorar o e-commerce ou põem em risco a própria sobrevivência”, resume Marcelo Castro, especialista em marketing estratégico e um dos organizadores do Seminário Nacional de Comércio Eletrônico, Meios de Pagamento e Negócios na Web (Ecom). Ontem, o evento foi realizado em Porto Alegre e falou das táticas que o comércio, o varejo e o setor de serviços podem utilizar para obter bons resultados.
Segundo Castro, as empresas que estão na internet saem na frente na hora de aproveitar as oportunidades geradas pelos grandes eventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos. “O lojista que não habitar a web não vai ser encontrado, até porque o visitante que vem para Copa do Mundo já começou a buscar informações”, menciona. Desta forma, ele diz que não basta levar o negócio ao ambiente virtual. É necessário ter um diferencial, seja no tipo de produto ou serviço ofertado ou na forma de entrega.
O consultor Luciano Rêgo define que a efetividade do ingresso na web depende da realização de um plano de negócios. “A empresa tem que planejar como atuará e como se relacionará com os clientes nas redes sociais”, exemplifica. “Não adianta criar perfil no Facebook se a empresa não tem condições de gerir adequadamente”, complementa. Aí reside um dos principais problemas existentes hoje. De acordo com o especialista, as companhias querem estar conectadas, mas muitas delas se esquecem de analisar quais os canais e as táticas mais propícias para seu perfil de atividade.
Uma plataforma simples de comércio eletrônico oferecida por consultorias da área custa, em média, R$ 10 mil. O consultor Fábio Vargas recomenda que o empresário não faça extravagâncias ao iniciar um negócio online. O ideal é começar com a estrutura existente e aprimorá-la conforme o andamento da iniciativa. “Não adianta pôr a carroça na frente dos cavalos. O e-commerce se desenvolve gradativamente. Até dez pedidos diários, o próprio dono do negócio pode fazer a gestão dos pedidos. A partir daí, é preciso aumentar a estrutura”, constata.
A integração entre a loja virtual e o espaço físico, facilitando a gerência dos pedidos e do estoque, é outro aspecto a ser levado em conta. Os espaços não se anulam na hora de atrair o consumidor. Para Vargas, o ambiente online alavanca o real. “A loja virtual é a extensão do negócio de qualquer empresa. Ela permite que se atenda aos novos clientes e, principalmente, ajuda a manter a interação com os compradores antigos. Mesmo assim, sempre haverá o cliente que quer ver o produto pessoalmente”, explica.
Veículo: Jornal do Comércio - RS