Automação auxilia atacadistas e distribuidores

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A tecnologia pode ser a grande aliada para resolver uma complexa teia logística que envolve atacadistas e distribuidores no Brasil. Responsáveis por abastecer o pequeno e o médio varejo de diferentes áreas, esses setores precisam enfrentar operações que vão da armazenagem de um grande volume de produtos a complicadas questões tributárias e dificuldades de contratar mão de obra especializada.

Contar com mecanismos que ajudem a cumprir todas as etapas sem perder a eficiência é crucial para enfrentar a concorrência e as margens baixas, que variam de 1% a 2% do faturamento, segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad). É neste cenário que a automação entra como ferramenta estratégica. Pesquisa com atacadistas e distribuidores, que representam 28% do faturamento do segmento no Brasil, mostra que a adoção de tecnologia cresce, principalmente entre as grandes empresas. O estudo, da GS1 Brasil (Associação Brasileira de Automação) e Abad, revela os benefícios, para as áreas de relacionamento com fornecedores, logística, gestão e vendas.

Uma das principais constatações da pesquisa é que 83% dos atacadistas e distribuidores possuem centro de distribuição (CD) automatizado. Uma realidade distante para 17% dos entrevistados, que não contam com essa alternativa e alegam ter suporte técnico deficiente e dificuldades de uso de integração dos sistemas. Os softwares são responsáveis pela gestão da frota de 39% das organizações, e outros 17% gerenciam entregas e coletas também com apoio de sistemas. “A tendência é melhorar o fluxo no processo de emissão e gestão das informações fiscais”, diz Edson Matos de Lima, assessor de soluções e negócios da GS1 Brasil. A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) é um exemplo. De acordo com a pesquisa, todas as empresas consultadas possuem sistema de processamento de NF-e, pedidos, faturamento, compras, Sped e nas áreas financeira e contábil. “Esse upgrade tecnológico abrange toda a cadeia, pois acaba sendo uma precondição para fazer negócio”, destaca o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira.

As companhias também investem em ferramentas mais sofisticadas que agregam inteligência ao negócio e melhoram a tomada de decisão. Ao todo, 61% usam o Business Intelligence (BI), 50% contam com CRM (gestão de relacionamento com o cliente) e 28%, com sistema para planejamento estratégico. O sistema de radiofrequência (RFID), também ganha espaço. A gaúcha Unidasul é uma das empresas que aposta na tecnologia, que traz benefícios como a redução da ruptura de estoque e uma melhor seleção de produtos.

O processo, executado há cerca de quatro anos, garantiu a melhoria da produtividade no recebimento, armazenagem, separação e expedição. “Ganha-se muito tempo, porque o sistema vai direto ao ponto, não é preciso ficar rodando o armazém”, informa o superintendente da distribuidora alimentícia, Edson de Cesaro.

A empresa, que atua na Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Sinos, Vale do Paranhana, Serra e Litoral, viu suas operações deslancharem. “A radiofrequência no sistema de armazenagem agiliza, de uma forma impressionante, o processo de separação, expedição, recebimento e carregamento. O resultado é um ganho muito grande”, garante Cesaro. Isso acontece uma vez que as chamadas etiquetas inteligentes permitem a leitura dos itens por caixa, eliminado a necessidade de manusear item por item.


Dispositivos móveis fazem parte da rotina dos empresários


Os dispositivos móveis estão presentes na rotina das empresas. Os equipamentos mais usados são os smartphones (41%), tablets (26%) e computadores de mão (18%), aponta a pesquisa realizada com atacadistas e distribuidores. As tecnologias também estão presentes no relacionamento com os fornecedores. De acordo com o levantamento, 57% dos atacadistas usam a troca eletrônica de dados (EDI) para se comunicar com a indústria fornecedora em relatório de vendas e de estoque, pedido de compras e fatura. “Atacadistas e distribuidores cada vez mais procuram estar atualizados no que há de novidades no mundo da tecnologia”, destaca Carlos Eduardo Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad). Trata-se de uma evolução constante e que ganha cada vez mais adeptos entre os empresários do setor.

A troca eletrônica de dados normalmente não faz parte da rotina das empresas quando a cobrança não é feita pelo seus parceiros comerciais. “Quando a indústria requisita o uso desta ferramenta, atacadistas e distribuidores acabam investindo”, afirma Edson Matos de Lima, assessor de soluções e negócios da GS1 Brasil. O efeito cascata, causado pela exigência dos parceiros, tem sido positivo para todos os setores envolvidos.


Para especialista, o futuro é a convergência


As ferramentas tecnológicas à disposição das empresas poderão ganhar ainda mais força. Isso porque a tendência, em um futuro próximo, é que elas sejam usadas de forma integrada, potencializando ainda mais os resultados, explica Ezequiel Borges, diretor de estratégia do Grupo PC Sistemas.
 
JC Logística - Quais são os principais benefícios que a automação traz para o setor?

Ezequiel Boges - Podemos citar o aumento da produtividade, a velocidade no ciclo operacional, a segurança e redução de erros, a redução de custos, a visibilidade das informações, a redução de papel, o aumento de vendas e da rentabilidade, a prevenção de riscos e a realocação de recursos, entre outros.

Logística - E quanto às principais dificuldades?

Borges - Existe tecnologia disponível para todos os portes de empresas (pequenas, médias e grandes). A maior dificuldade é que há diferentes níveis de maturidade de gestão para poder descobrir, entender, adquirir, aplicar e absorver as tecnologias para automação.

Logística - O que é mais importante no processo de levar a tecnologia para dentro da empresa?

Borges - Muitas empresas ainda estão utilizando sistemas próprios e com baixo nível de automação e integração de seus processos. A prioridade seria a implantação do ERP (sistema de gestão empresarial) para integrar todos os processos do negócio. Com o ERP, pode-se automatizar algumas integrações de troca de informações com fornecedores e clientes através do EDI (troca eletrônica de dados). A próxima etapa seria a contabilidade, que em muitas empresas é feita por terceiros. Depois, seria a força de vendas e o centro de distribuição com o WMS, a implantação do código de barras e da radiofrequência (RFID). O nível seguinte é nos transportes com a roteirização e o TMS (gestão de frota, entregas e coletas). Com a maturidade dos processos, pode vir a automatização das informações de decisão com ferramentas de BI (Business Intelligence), controladoria e planejamento estratégico.

Logística - Que tendências devem ganhar espaço no Brasil?

Borges - Devem ocorrer mudanças nas ofertas de tecnologias por meio de modelos de negócios dos fornecedores atuais e novos entrantes. A grande tendência será a convergência de tecnologias. Os fornecedores deverão apresentar soluções mais simples, viáveis e acessíveis.

Logística - O que é preciso mudar para que a automação passe a ser vista como investimento e não como gasto?

Borges - Devemos sempre apresentar e provar para o empresariado que a automação, que a aplicação do software e do hardware, trará maiores e melhores informações dos processos de seu negócio. Isso representa melhorias para a sua gestão e, consequentemente, uma performance mais efetiva e melhores resultados.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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