Pebble traz um pouco do celular para o pulso

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Você costuma ser do tipo que tenta freneticamente pescar seu celular no bolso ou na bolsa para descobrir se aquele bipe-bipe ou outro barulho é um telefonema, torpedo ou e-mail importante ou algo que você pode ignorar? Que tal se você pudesse simplesmente dar uma espiada no relógio para descobrir?

De fato, isso já é possível, graças a um novo relógio digital de pulso, o Pebble, que custa US$ 150 nos Estados Unidos e pode se conectar sem fio a um iPhone ou smartphone com Android. O Pebble avisa no seu mostrador quem está telefonando e mandando um e-mail ou uma mensagem de texto. E não é só isso: ele pode controlar ainda a reprodução de músicas em fones de ouvido e exibir, com letras visíveis a um rápido olhar, a música que está tocando, o artista e o álbum. Além de mostrar, é claro, a hora certa. O Pebble vem com software para diversas configurações de tela e você pode carregar outras.

Melhor ainda, o Pebble, produto de uma nova firma de tecnologia de mesmo nome do Vale do Silício, é uma plataforma que pode trabalhar com outros aplicativos e outros aspectos de um smartphone. Por exemplo, a empresa planeja lançar, no segundo trimestre, aplicativos para mostrar informações a corredores e jogadores de golfe. E experts em tecnologia já criaram maneiras de fazer o relógio se conectar a outros aplicativos de smartphones.

O novo aparelho tem sido muito discutido nos círculos de tecnologia e os fundadores da empresa captaram milhões de dólares por meio do Kickstarter, serviço on-line de "crowdfunding", ou financiamento coletivo.

Uma observação importante: o Pebble não é um comunicador de pulso. Você não pode fazer telefonemas nem escrever e-mails ou mensagens de texto com ele. O relógio apenas avisa, vibrando suavemente e mostrando o nome de quem está chamando ou enviando uma mensagem, assim como um trecho do texto.

Estou testando o Pebble há uns cinco dias, em conjunto com um iPhone 5 e um Nexus 4, da Google. Achei o relógio leve e confortável e ninguém me olhou como se eu estivesse usando um computador no pulso. Consegui receber notificações e controlar a música tanto no iPhone como no Nexus. E, de modo geral, achei o Pebble útil. Os aplicativos gratuitos, necessários para conectar ambos smartphones ao Pebble, funcionaram bem.

Mas também encontrei muitos bugs e limitações irritantes - problemas que o fabricante reconhece prontamente, dizendo que está trabalhando para resolvê-los. Um exemplo: se chegam vários e-mails um atrás do outro, cada notificação aparece sem dar tempo suficiente para ler a anterior, e não se pode rolar a tela para trás para ver os avisos perdidos. A Pebble informa que espera lançar este mês uma atualização de software que permite rolar a tela de volta para ver as notificações anteriores.

Se você é como eu e tem pouca paciência para esse tipo de problema em produtos novos, talvez queira esperar um pouco mais para encomendar um Pebble. E mesmo se você já estiver pronto para encomendar agora, ainda vai ter que esperar uns dois meses pela entrega. A empresa está aumentando a produção aos poucos, embora informe que já entregou umas 15.000 unidades e recebeu até agora encomendas para 85.000. Para comprar um Pebble, acesse getpebble.com; a empresa também envia para outros países além dos Estados Unidos.

O Pebble faz parte do que talvez seja um renascimento incipiente do conceito de computador de pulso, algo que já fracassou muitas vezes no passado, pois os aparelhos então concebidos eram desajeitados e difíceis de usar. Agora, uma empresa chamada Basis começou a vender um relógio para exercícios físicos com sensores na parte de trás, e, segundo consta, a Apple está testando um relógio que funcionaria em conjunto com o iPhone.

O Pebble vem em cinco cores e é apenas um pouquinho maior que um relógio comum. Não há dúvida, porém, que ele cai melhor num pulso masculino, normalmente mais grosso. Já num pulso feminino, o Pebble pode ser problemático em termos de aparência e conforto.

A tecnologia da tela é semelhante à do modelo básico do Kindle, o leitor de livros digitais. Só funciona em preto e branco e só pode mostrar gráficos muito simples, mas é bem visível à luz natural. Tem uma luz de fundo que acende sempre que chega um alerta ou quando você sacode o relógio ou dá uma batidinha na tela.

Há quatro botões nas laterais, grandes e fáceis de pressionar. À direita, os botões de cima e de baixo rolam a tela nestas respectivas direções, e o botão do meio serve para selecionar opções de menu. À esquerda, o botão único é usado para exibir e percorrer as opções de menu. O carregador também se conecta à esquerda.

A empresa afirma que, usado normalmente, o relógio deve funcionar sete dias com uma única carga, mas nos meus testes a carga durou entre três e quatro dias. Em utilizações mais normais do que os meus testes, creio que deve durar de quatro a cinco dias.

O Pebble se conecta aos smartphones via Bluetooth, tal como um fone de ouvido ou alto-falante sem fio. Na verdade, no iPhone ele imita um dispositivo de áudio Bluetooth, apesar de não tocar áudio. Isso às vezes confunde o Siri, assistente automatizado da Apple controlado por voz, e exige que você pressione um ícone no smartphone orientando o Siri para usar o telefone para áudio, e não o Pebble. Mas o aparelho não confundiu o viva-voz Bluetooth no meu carro nem interferiu no seu funcionamento.

Esta é apenas uma de uma série de detalhes e problemas que encontrei nas duas plataformas de smartphones, sendo que nenhuma das duas realmente oferece suporte para algo como o Pebble.

Por exemplo, no Android, o sistema operacional da Google, é preciso configurar o Pebble como um dispositivo de acessibilidade, como algo destinado a usuários com deficiências. E, no Android, não se pode usar o relógio para comandar o smartphone ou o fone de ouvido para atender chamadas. Pode-se apenas rejeitá-las. Outra limitação do Android: só é garantido obter um resumo dos emails na tela do Pebble se eles vieram do aplicativo Gmail, da Google. Os e-mails que não são do Gmail podem aparecer sem um resumo.

Por outro lado, as notificações de e-mails do Pebble no iPhone exigem mexer muito com as configurações de avisos do smartphone, e, nos meus testes, esses avisos no iPhone funcionaram de forma inconsistente. A fabricante informa que corrigir esse problema é sua prioridade número um. No momento, as notificações do Facebook não funcionam no iPhone, apenas no Android. As atualizações do Twitter não funcionam em nenhuma das duas plataformas.

Ao usar ambas as plataformas, não pude me furtar à vontade de poder apertar um botão e enviar uma resposta padrão para um e-mail ou mensagem de texto, tal como "Não posso responder agora". A empresa informa que está trabalhando nisso.

O Pebble é um acessório útil para um smartphone se você tiver US$ 150 sobrando e detesta ter que desenterrar seu celular do bolso, ou não pode fazer isso facilmente, para ver se precisa mesmo atender a um telefonema ou responder a uma mensagem de texto. Mas eu sugiro que você espere até que o Pebble funcione melhor.



Veículo: Valor Econômico


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