Computador, agora, é peça do guarda-roupa

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Nos últimos tempos, muita gente no setor de tecnologia tem "profetizado" o fim do computador. As vendas de PCs, da maneira como os conhecemos, de fato têm diminuído. O consumidor já não tem tanto interesse em ter uma máquina pesada ocupando espaço em cima da mesa, com fios espalhados por todos os lados. Em contrapartida, o PC passou a ser parte indispensável de vários outros produtos. Mesmo que poucos percebam, ele está no carro, no telefone celular, no caixa bancário...

A mais recente fronteira começa a ser vencida agora - é a transformação do computador em peça de roupa.

A expressão que define esse fenômeno, como a maioria das palavras no dicionário tecnológico, vem do inglês: é o "wearable computer", ou seja, um computador que pode ser vestido. Parte das aplicações que começam a chegar ao mercado é, no mínimo, extravagante. A Cute Circuit, dos Estados Unidos, criou roupas com lâmpadas de LED que podem ser programadas para acender e apagar em uma sequência determinada. A banda irlandesa U2 já usou a roupa nos palcos, assim como a cantora americana Katy Perry, mas é difícil imaginar uma dona de casa indo à feira com o vestido literalmente aceso.

Muitos itens em desenvolvimento ou recém-lançados, no entanto, estão encontrando seu lugar no mercado. Isso é verdade especialmente no caso de produtos voltados ao bem-estar e à saúde, uma preocupação crescente entre jovens profissionais urbanos - um tipo de consumidor ligado em tecnologia e com dinheiro para gastar em novidades eletrônicas.

A americana Oakley criou óculos de esqui cujos sensores coletam dados como velocidade e localização, enquanto as roupas da Numetrex, também dos Estados Unidos, trazem sensores que marcam os batimentos cardíacos durante sessões de exercícios na academia.

Nem sempre um computador de vestir se parece com uma peça do guarda-roupa. Uma pequena esfera de metal, do tamanho de uma moeda, é a aposta da novata Misfit Wearables, apoiada por John Sculley, o homem que expulsou Steve Jobs da Apple nos anos 80. Batizado de Shine, o dispositivo ganha ares de ficção científica quando pequenas luzes se acendem em sua superfície. É o sinal de que o aparelho está trabalhando, medindo as reações do corpo humano ao se andar, correr, jogar, nadar etc.

Até agora, o computador de vestir recebeu uma mãozinha importante de seus, digamos, primos distantes - os smartphones. O crescimento explosivo desses telefones sofisticados, com acesso à internet e recursos que vão muito além de falar, contribuiu para reduzir os preços das câmeras e de diversos tipos de sensores. São componentes básicos das "roupas computadorizadas", como as pulseiras que acompanham o nível de atividade física das americanas Jawbone e Nike, ou os relógios inteligentes da japonesa Sony.

O ritmo rápido das inovações no mercado de smartphones também ajudou no desenvolvimento de componentes mais finos e leves, que consomem menos bateria.

Essa combinação entre o ganho de escala obtido na produção dos componentes e a disponibilidade de matéria-prima mais moderna deu ao computador de vestir um impulso que, dizem especialistas, só tende a crescer nos próximos anos.

A estimativa da empresa inglesa de pesquisa ABI Research é que, em cinco anos, a quantidade de aparelhos desse tipo vai crescer mais de seis vezes. A projeção é que o número fique em 53 milhões de dispositivos no fim do ano, podendo chegar a 340 milhões em 2017.

O interesse de algumas gigantes de tecnologia, que até agora demonstraram uma sensibilidade incomum em relação aos gostos do consumidor, é um indicador de que as projeções têm grande chance de virar realidade.

Nas últimas semanas, os sites especializados atiçaram a curiosidade dos leitores com a notícia de que a Apple estaria planejando lançar um relógio inteligente, chamado iWatch. Cem profissionais estariam dedicados ao projeto na companhia da maçã. Como tudo na Apple, ninguém confirmou nada, mas o que se sabe é que a empresa registrou a patente de um aparelho semelhante em 2011.

Até o fim do ano, a expectativa é que o Google comece a vender óculos que respondem a comandos de voz. O usuário manda e o dispositivo exibe, na lente, mensagens de e-mail, mapas etc. A projeção inicial é que o Google Glass só estivesse disponível em 2014, mas a empresa já anunciou que pretende antecipar o lançamento.

O computador de vestir abre caminho para a última fronteira no campo da tecnologia pessoal. E não é o espaço sideral, como poderiam pensar os fãs de "Star Trek". São os implantes no próprio corpo humano.

Isso já ocorre com os chips de localização para animais. Mas vantagem mesmo será quando for possível agir como os personagens de "Matrix". Para aprender a pilotar helicóptero ou lutar kung-fu na série de cinema, bastava fazer um download diretamente para o cérebro. Imagine como seria simples aprender mandarim para encontrar um potencial sócio chinês no dia seguinte ou fazer pratos elaborados para impressionar a namorada sem nunca ter ido para a cozinha.




Veículo: Valor Econômico


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