A compra da Credicard pode render ao Itaú Unibanco um ganho fiscal inesperado e proteger sua posição dominante no mercado brasileiro de cartões de crédito, afirmou Gustavo Schroden, analista do Espírito Santo Investment Bank.
A compra da unidade que pertencia ao Citi, anunciada na terça-feira passada à noite, por R$ 2,77 bilhões, e que inclui o Banco Citicard e a Citifinancial Promotora, "faz todo sentido" sob a perspectiva estratégica e financeira, segundo ele.
O analista calcula que o Itaú pagou o equivalente a 10,7 vezes o lucro estimado para a Credicard neste ano, ou 2,3 vezes o valor patrimonial, ambos "múltiplos muito atrativos, dadas as sinergias que podem ser obtidas com o negócio". Se tiver um benefício fiscal de R$ 690 milhões em seis anos, esses múltiplos ficam "ainda mais atrativos".
A transação fortalece a posição do Itaú no mercado de cartões no Brasil, onde mais de 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média na última década e passaram a usar serviços financeiros. Com a compra, a base de cartões do Itaú sobe para 37,7 milhões de usuários, equivalente a uma participação de 40% do mercado.
"A aquisição foi muito boa em termos de preço, uma vez que o Itaú pode extrair sinergias substanciais da integração com a Credicard e proteger sua liderança no mercado," disse Gustavo Schroden.
O analista disse que as estimativas de lucro para o Itaú podem ser revisadas, caso a integração com a Credicard gere receitas e redução de despesas antes do esperado. Mas os ganhos fiscais não devem necessariamente levar a uma revisão do lucro, acrescentou.
O Espírito Santo Investment Bank tem recomendação de compra para a ação do Itaú, com preço-alvo de R$ 42 cada.
O banco privado vem tentando elevar os ganhos com tarifas e serviços para compensar a queda nas receitas com empréstimos, em meio à abrupta queda nas taxas de juros no País. No ano passado, o Itaú comprou os 49% que ainda não detinha da Redecard, segunda maior empresa de meios de pagamento do País, por cerca de R$ 10,5 bilhões.
Com a compra desta semana, a Credicard volta ao Itaú, que era sócio do Citi na empresa até 2006. A transação está sujeita a aprovação de órgãos reguladores. Para fechar o negócio, o banco bateu Santander Brasil e o Bradesco, disseram recentemente à Reuters fontes com conhecimento do assunto. O Bradesco tem cerca de 20% do mercado de cartões no País.
"A aquisição pelo Santander Brasil ou Bradesco teria abalado a liderança do Itaú neste segmento - foi um movimento para proteger seu território", disse Gustavo Schroden.
Veículo: DCI