Juros altos e prestações sufocam o consumidor

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Estudo apontou que, de junho de 2015 a junho de 2016, o valor das parcelas do varejo subiu 12,3%


O consumidor brasileiro paga um preço alto pela crise, que impulsionou a alta dos juros, restringiu o acesso ao crédito e expandiu o desemprego no país. Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que, de junho de 2015 a junho de 2016, o valor médio das parcelas pagas ao varejo pelas famílias brasileiras subiu 12,3%, de R$ 45,24 para R$ 50,79 mensais. Montante considerado salgado para a maioria da população, tendo em vista que representa 5,7% do salário mínimo bruto atual, de R$ 880.

Quando a comparação é feita com base em janeiro de 2014, período em que o valor médio das parcelas era de R$ 41,08, a alta chega a 22,9%. Por isso, todo cuidado é pouco ao analisar ofertas de produtos com prestações “a perder de vista”, dizem analistas. Na maioria das vezes, o consumidor vai pagar um valor muito superior ao cobrado nas compras à vista.

O cidadão comum, embora nem sempre saiba fazer cálculos de juros compostos, percebe, na prática, que está cada vez mais difícil comprar a prazo ou conseguir financiamento em bancos e no comércio varejista, porque as prestações já não cabem no bolso. Para entender por que a situação piorou, é preciso, na análise de Fábio Bentes, economista da CNC, que o trabalhador observe vários fatores que se alimentam mutuamente. Principalmente os comportamentos do índice de desemprego e da taxa de juros para pessoa física.

No ano passado, lembrou Bentes, mais de 1,5 milhão de pessoas com carteira assinada foram demitidas. Em 2016, até junho, um número superior a 1,4 milhão de funcionários de empresas privadas perdeu a vaga. “As empresas continuam dispensando. Sem emprego, as pessoas, com menos dinheiro, deixam de comprar — tanto que o consumo das famílias já caiu 3,9% este ano — porque têm mais dificuldade de honrar seus compromissos financeiros. Com isso, os bancos, temendo alta na inadimplência, passam a dar menos crédito, além de aumentar os juros”, destacou.

Às vezes, os movimentos entre os setores da economia parecem contraditórios, mas não são. Bentes explicou que os juros médios cobrados ao consumidor estavam, há 12 meses, em 63,7% ao ano e saltaram para 71,6%, em junho último. Mas o período de pagamento, no entanto, foi dilatado. O que dá a impressão de um certo alívio. “O prazo médio dos financiamentos, que estava em 50 meses, foi ampliado para 52 meses. Mas, mesmo esticando os vencimentos, os juros mostraram sua face mais perversa e fizeram com que o montante a ser retirado do orçamento ficasse mais alto”, destacou.

Em relação aos juros, as previsões são de queda no médio prazo, porque os indicadores de confiança do setor produtivo começam a dar sinais de melhora e grande parte dos agentes do mercado financeiro têm esperanças no ajuste fiscal. Para o economista, é muito forte o temor de que o custo de vida vai aumentar até a economia chegar ao fundo do poço, para depois iniciar a curva de alta.

Fonte: Jornal Diário de Pernambuco


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