A General Electric informou ter conseguido um avanço no que tange a tecnologia de armazenamento digital que vai permitir que os discos com tamanho padrão armazenem o equivalente a 100 DVDs. O avanço no armazenamento, anunciado ontem, por enquanto é apenas um sucesso de laboratório. A nova tecnologia deve ser fabricada para funcionar em produtos que possam ser produzidos em massa a preços acessíveis.
Mas os especialistas em armazenamento ótico e analistas da indústria que receberam a notícia sobre a criação disseram que ela manteve a promessa de estar um grande passo à frente na área do armazenamento digital, com uma vasta variedade de possíveis usos nos mercados comercial, científico e consumidor.
"Esta poderia ser a próxima geração do armazenamento de baixo custo", disse Richard Doherty, analista da Envisioneering, empresa de pesquisa tecnológica.
O trabalho promissor dos pesquisadores da General Electric está no campo do armazenamento holográfico. A holografia é um processo óptico que armazena não só imagens tridimensionais como aquelas guardadas em muitos cartões de crédito para propósitos de segurança, como também os 0''s e 1''s dos dados digitais.
Padrões
Os dados são codificados em padrões leves que são armazenados em material sensível à luz. Os hologramas agem como espelhos microscópicos que refratam os padrões de luz quando um laser brilha sobre eles, e então o dado gravado de cada holograma pode ser recuperado e decifrado.
O armazenamento holográfico tem o potencial de embalar os dados de maneira muito mais densa que a tecnologia ótica convencional, usada em DVD''s e nos discos Blu-ray mais novos e de alta capacidade, nos quais a informação é armazenada como um padrão de marcas gravadas a laser na superfície de um disco. O potencial da tecnologia holográfica é conhecido há muito tempo. Os primeiros trabalhos de pesquisa foram publicados no inícios dos anos 60.
Muitos avanços foram feitos durante os anos na ciência de materiais, na ótica e na física aplicada necessários para tornar o armazenamento holográfico uma tecnologia eficaz em termos de custo. E este ano, a InPhase Technologies, uma subsidiária independente da Bell Labs da Alcatel-Lucent, planeja introduzir um sistema de armazenagem holográfica, usando máquinas de US$ 18 mil e discos caros, para mercados especializados como o de produção de vídeo e para o armazenamento de imagens médicas.
Atualmente, o armazenamento holográfico não está no caminho do uso generalizado. Contudo, o desenvolvimento da General Electric poderia ser o passo pioneiro, de acordo com analistas e especialistas. Os pesquisadores da GE têm usado uma abordagem diferente dos esforços feitos no passado. Ela conta com hologramas menores e menos complexos - uma técnica chamada de armazenamento micro-holográfico.
Desafios
Um desafio crucial para a equipe, que tem trabalhado no projeto desde 2003, tem sido encontrar os materiais e técnicas para que os hologramas menores reflitam luz suficiente para que o seus padrões de dados sejam detectados e recuperados.
A recente novidade criada pela equipe, que trabalha no laboratório da GE em Niskayuna, N.Y., norte de Albany, foi um aumento de 200 vezes no poder reflexivo dos seus hologramas, colocando-os no patamar inferior da gama de reflexões de luz passíveis de leitura pelas máquinas Blu-ray.
Na abordagem da GE, os hologramas estão espalhados pelo disco de uma maneira similar aos formatos usados nos CD''s de hoje, DVD''s convencionais e discos Blu-ray. Então um tocador que conseguisse ler discos com armazenagem micro-holográfica também conseguiria ler CD''s, DVD''s e discos Blu-ray. Mas os discos holográficos, com a tecnologia alcançada pela GE, conseguiriam armazenar 500 gigabytes de dados. O Blu-ray está disponível em discos de 25 gigabytes e 50 gigabytes, e um disco de DVD padrão armazena 5 gigabytes.
A equipe da GE planeja apresentar os dados de sua pesquisa e os resultados de laboratório em uma conferência sobre armazenamento ótico de dados em Orlando no próximo mês.
Veículo: Gazeta Mercantil