Motorola traz fabricação de scanner para o Brasil

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É quase impossível dissociar a marca Motorola dos aparelhos de celular, mas são leitores de código de barras que, agora, começam a sair da fábrica da empresa em Jaguariúna (SP).

 

Não, a companhia americana não deixou de produzir telefones móveis - embora esteja declaradamente buscando alternativas para sua mais notória (e deficitária) divisão de negócios. Mas, com a produção de scanners, a Motorola dá um novo passo para diversificar suas atividades no Brasil.

 

A expansão dos negócios teve início no ano passado, quando a empresa começou a fabricar módulos sem fio (equipamentos usados em rastreadores de veículos e sistemas de telemetria, por exemplo). E pode ganhar um novo capítulo nos próximos meses: está em análise a produção dos chamados coletores de dados, computadores de mão usados por vendedores ou funcionários de campo que precisam medir o consumo de alguma coisa.
"Não podemos nem iremos falhar", afirma Vanderlei Ferreira, diretor-geral de mobilidade corporativa da Motorola para a América Latina. "As oportunidades existem e estão aí."

 

Até agora, toda a produção de scanners da companhia estava concentrada nos Estados Unidos. No entanto, o crescimento da demanda por equipamentos de automação comercial na região - especialmente entre as pequenas e médias empresas - levou a Motorola a fabricar os leitores de códigos de barras em sua unidade brasileira. Por enquanto, será fabricado em Jaguariúna um modelo de scanner a laser (do tipo usado nos caixas de supermercados), cujo início das vendas está previsto para a próxima semana.

 

A ideia é distribuir 75% da produção no mercado interno e o restante na Argentina e no Chile, num primeiro momento. Mas a expectativa de Ferreira é de que a participação do Brasil se reduza para cerca de 50% nos próximos dois anos.

 

Não existem dados oficiais, mas a Motorola estima que o mercado de scanners movimente 250 mil unidades por ano no Brasil. Desse total, 30% são leitores a laser, como os que a empresa passou a fabricar no Brasil. Ferreira diz que a companhia tem 25% desse segmento e a meta é pelo menos dobrar a participação.

 

Não foram a turbulência na economia nem os problemas da Motorola que levaram a empresa a investir na fabricação desses equipamentos no país, segundo Ferreira. "Os estudos para a produção local começaram em 2007, antes da crise. A decisão foi tomada porque existe demanda pelo produto. É um mercado crescente", ressalta.

 

É inegável, contudo, que a estratégia vem a calhar para a Motorola neste momento. A divisão de negócios chamada de mobilidade corporativa tem sido a mais rentável para a empresa.

 

No último trimestre de 2008, foi a única área cujas vendas globais cresceram. Enquanto a receita total da empresa caiu 26% em relação ao quarto trimestre de 2007, para US$ 7,1 bilhões, o faturamento da unidade de mobilidade corporativa cresceu 4%, chegando a US$ 2,2 bilhões, com lucro operacional de US$ 466 milhões.

 

A Motorola enfrenta imensos desafios em sua unidade mais tradicional, de celulares. A companhia já vinha perdendo participação no mercado mundial quando a crise econômica estourou, agravando o cenário. A situação no Brasil segue a mesma linha, ainda que com menor intensidade.

 

Alguns acionistas têm pressionado a fabricante americana a vender a divisão de celulares, mas o executivo-chefe da empresa, Greg Brown, disse recentemente que a piora no desempenho dessa área de negócios suspendeu, por enquanto, os planos de cisão. Há cerca de um mês, ele apresentou uma nova estratégia de recuperação da unidade de celulares, apoiada na produção de aparelhos mais sofisticados e no uso do sistema operacional Android, desenvolvido pelo Google.

 

Ferreira avalia que a turbulência na economia, longe de atrapalhar, pode até colaborar com as vendas dos scanners no mercado brasileiro. "As empresas têm de reduzir custos, mas não vão deixar de investir em tecnologias que melhorem processos e aumentem a eficiência", afirma. As vendas do leitor que a Motorola começou a fabricar no Brasil cresceram 59% no ano passado e a aposta do executivo é de que vão repetir esse percentual em 2009.

 

Veículo: Valor Econômico


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