O varejo brasileiro tem encontrado na oferta de serviços financeiros - leia-se crédito ao consumidor final - uma forma de manter e até ampliar as vendas em um cenário de desaceleração econômica. A estratégia, que ganhou força com a "distribuição" de cartões de crédito da loja, fruto de parcerias com instituições financeiras, é apontada como uma solução viável, porque garante a lucratividade e a sobrevivência da empresa, além de ajudar no processo de fidelização do cliente.
De acordo com o superintendente Comercial da Finivest - Lojistas, Danilo Nascimento, não há como negar que a parceria do varejo com instituições financeiras resulta em mais negócios. Além dos produtos principais de cada organização, existe a possibilidade de disponibilizar um plus para os clientes "da casa", que possuem o cartão da loja.
Em função da crise financeira internacional, os critérios para adesão de consumidores e, conseqüentemente, para concessão de crédito, foram revistos, com o objetivo de reduzir o risco da operação. Entre os quesitos que voltaram a ganhar espaço, depois de andarem esquecidos em tempos de aquecimento econômico, estão o tempo de relacionamento e o histórico de quitação dos contratos em aberto. Em outras palavras, a oportunidade já não é para todos, mas para aqueles que realmente geram lucro para o negócio: os chamados bons pagadores.
Crescente - Segundo o executivo, a necessidade de pequenos financiamentos via "dinheiro de plástico" continua aumentando. Em primeiro lugar porque os bancos estão dizendo não para o consumidor final, resposta que o varejo não pode dar com a mesma facilidade, já que a rentabilidade do setor depende da venda realizada. Sem falar na concorrência, sempre pronta a cobrir ofertas e expandir prazos de pagamento, operações que são menos onerosas quando realizadas para o empresário que possui o próprio cartão.
"A demanda por crédito está aumentando, seja para cobrir a necessidade econômica do cliente que está desempregado ou para auxiliar aqueles que tiveram alguma redução nos ganhos", explicou Nascimento. O risco da operação tem nome e sobrenome: crédito nocivo. desses negócios não concluídos que o varejo está fugindo com maior velocidade no momento. Segundo o superintendente, ao aprovar menos operações de crédito, as organizações dão um recado claro de que não pretendem ser vítimas da inadimplência crescente do varejo brasileiro, fruto da oferta indiscriminada do produto nos últimos três anos.
Por outro lado, o setor vende muitos "sonhos" que os clientes só podem realizar com prazos maiores de pagamento e/ou descontos especiais à vista. "O varejo representa o acesso a determinados produtos que uma parcela expressiva da população não experimentaria de outra forma. Esse é o papel social do setor", apontou. Nesse sentido, o comportamento do consumidor não está sendo substancialmente afetado pela crise mundial, embora os negócios sejam conduzidos com maior consciência. "O consumo é uma necessidade do ser humano", concluiu.
Veículo: Diário do Comércio - MG