O Brasil possui hoje um computador para cada três habitantes, o que equivale a 60 milhões de unidades em uso. Essa densidade é maior que a média mundial, de um PC para cada quatro pessoas. Mas está ainda distante da média nos Estados Unidos, de praticamente um computador por pessoa. A evolução desse mercado no Brasil foi vigorosa nos últimos vinte anos, com uma média anual de crescimento de 19%. Se mantiver esse ritmo, o País atingirá a cifra de 100 milhões de computadores em 2012, o que representará, na ocasião, uma unidade para cada dois habitantes.
Estas e outras conclusões fazem parte da 20ª Pesquisa anual da Fundação Getúlio Vargas sobre o Mercado Brasileiro de Informática e o seu Uso nas Empresas. O universo abrange tanto o mercado doméstico como o corporativo, a partir de 2 mil questionários respondidos. Segundo a pesquisa, as empresas no País já se deram conta da importância da tecnologia da informação e destinam, em média, 6% da receita líquida para investimentos na área. A proporção era de apenas 1,3% há vinte anos.
TI mais cara e complexa
O ano de 2008 será lembrado como o momento em que o gasto anual das empresas com cada computador - incluídos serviços e softwares - chegou ao seu ponto mínimo: R$ 18,8 mil, uma redução de 7% no período. Mas, a despeito das variações cambiais, que explicam parte dessa redução em 2008, o professor Fernando Meirelles, coordenador da pesquisa, garante que daqui para frente, a tendência é que esse valor suba.
Segundo ele, até o momento o grosso do investimento corporativo era destinado à expansão da base de computadores. Mas, como em 2008 o País chegou a uma proporção de quase um teclado por funcionário, "a proporção do número de teclados não deverá crescer mais nas empresas". Como consequência, raciocina o professor, o que crescerá será o investimento em software em cada máquina, além dos gastos em gerenciamento de rede e em manutenção, comenta o professor.
Lógica inversa - Segundo Meirelles, ao contrário de indicadores industriais, que seguem a lógica de que quanto maior a escala, menor o custo, no caso da tecnologia da informação dá-se o inverso. "Quanto mais teclados uma rede tem, maior a sua complexidade e as camadas de inteligência e de gerenciamento", diz. Para o professor essa lógica se impõe, mesmo quando a escala possibilite à empresa comprar a preços mais baixos.
Segundo a FGV, o Brasil comercializou 12,2 milhões de computadores em 2008, um crescimento de 16% sobre 2007. A pesquisa levantou ainda a participação das principais marcas de software. Na categoria de produtividade pessoal - dos aplicativos de escritório - Microsoft lidera folgada com 92% do mercado. O grupo "office" das marcas BR, Star e Open detém 7%. No caso dos sistemas operacionais, mais uma vez a Microsoft detém 97% do mercado das estações de trabalho. Nos servidores, sua participação cai a 66%.
Já, o monitoramento do mercado eletrônico da FGV - em sua 11ª edição - revelou que os valores transacionados eletronicamente entre empresas cresceu 18% no ano, ante a expansão de 31% dos negócios voltados ao consumidor.
Veículo: Gazeta Mercantil