A pirataria está em declínio no Brasil e é ascendente no mundo. Os vilões são mercados emergentes, principalmente alguns dos países asiáticos banhados pelo oceano Pacífico, onde as taxas de pirataria e a velocidade na adoção da tecnologia da informação são muito altas.
Esta é uma das conclusões do estudo promovido pela Business Software Alliance (BSA), entidade internacional que defende os interesses dos fabricantes de soft-ware, e conduzido pela consultoria especializada em tecnologia da informação International Data Corporation (IDC), divulgado ontem numa ação global.
O levantamento constatou que o índice de uso informal de programas de computador no País caiu um ponto percentual entre 2007 e 2008, fechando em 58%. O movimento no Brasil tem sido constante, totalizando uma queda de 6 pontos percentuais desde 2005. No mundo, a taxa subiu de 2007 para 2008, de 38% para 41%.
Segundo o diretor da BSA no Brasil, Frank Caramurú, o índice brasileiro é o menor entre o grupo dos BRICs. Na China, o uso ilegal de programas chega a 80%, enquanto na Índia e na Rússia, 68%. "A Rússia, por sinal, obteve este ano a maior redução anual, de 5 pontos percentuais", comentou o dirigente da associação internacional. Depois da Colômbia, o Brasil é, ainda, o país de melhor posicionamento na América Latina. Na região, a média é 65%.
Para Caramurú, apesar de o País ainda dispor de um índice elevado de pirataria, o resultado obtido deve ser comemorado. "Este é o quarto ano de queda da taxa, apesar do rápido crescimento do mercado", afirmou. Os números da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) dão conta de que o mercado local saltou dos US$ 4,19 bilhões em 2007 para US$ 5,07 bilhões em 2008, uma variação de mais 21%.
Em termos nominais, no entanto, houve um aumento do valor estimado para o prejuízo da pirataria no Brasil. Em 2007, as perdas somavam US$ 1,617 bilhão e no ano passado, US$ 1,649 bilhão, indicando variação positiva de 1,73%. "Isso se explica, em parte, à variação cambial no ano", adiantou o executivo. Outro fator que impactou os números brasileiros, segundo Caramurú, foi a mudança de metodologia da pesquisa, que buscou uniformizar os critérios no Brasil com os do resto do mundo. Assim, foram contabilizados na pesquisa pela primeira vez a base dos microcomputadores sem marca. "Não fossem os PCs sem marca, a redução da taxa de pirataria pelo critério antigo certamente teria se ampliado em mais 3 pontos percentuais", informou o dirigente. Ele credita as melhoras no resultado da pesquisa à ações da indústria e do governo, tanto educativas quanto repressivas. "Há uma maior conscientização do brasileiro de que o produto legal compensa, apesar de ser mais caro", acredita ele. No mundo, o crescimento da pirataria soma prejuízos superiores aos US$ 53 bilhões, 11% acima do estimado para 2007. Descontada a variação cambial no ano, eles foram calculados em US$ 50,2 bilhões. Dos 110 países pesquisados, 57 reduziram o uso informal do software, 40 mantiveram-no estável e 13 ampliaram suas taxas.
Veículo: Gazeta Mercantil