A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) faz forte pressão junto ao governo para frear a tentativa da área técnica do Banco Central e do Ministério da Fazenda de fazer uma regulamentação mais intervencionista para o setor de cartões de crédito. Insatisfeitos com a forma como a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) conduziu o processo até agora, os presidentes dos quatro maiores bancos privados do País partiram para negociações diretas com o governo.
O diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita, já se reuniu separadamente com o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal. Outras reuniões individuais devem ocorrer com os presidentes do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, do HSBC, Conrado Engel e do Santander, Fábio Barbosa, segundo confirmaram duas fontes envolvidas nas discussões. As reuniões são intermediadas pela Febraban, de quem partiu o convite para as conversas. A maior preocupação dos banqueiros é evitar que o governo proponha o fim da chamada "verticalização" do setor, modelo de negócios pelo qual as empresas de cartão de crédito controlam todo o processo: credenciamento, fornecimento de terminais de pagamento, captura e processamento de transações, compensação e liquidação. Uma opção nessa direção implicaria mudanças societárias nas empresas, com divisão de negócios e provável perda de rentabilidade. Os técnicos do governo relutam em falar do tema, mesmo nos bastidores, por conta do risco de impacto da informação nos preços das ações da Redecard e VisaNet.
Os dirigentes da Febraban têm feito reuniões periódicas internas para discutir o problema. O presidente da entidade, Fábio Barbosa, se reuniu por mais de uma vez com o presidente do BC, Henrique Meirelles, para tratar da proposta de regulamentação em estudo. Meirelles se comprometeu "a olhar de perto" o assunto.
Veículo: DCI