Redes fazem investimentos para tornar sites acessíveis e atrair consumidores da classe C
As empresas de comércio eletrônico aceleram os investimentos para reformular os sites e torná-los mais acessíveis, especialmente aos consumidores de classe C que, pela primeira vez, adquiriram um computador e agora querem ir às compras pela internet. Ontem, o Magazine Luiza anunciou a reformulação total do seu site, com maior interatividade. A empresa não revelou, porém, as cifras investidas. No mês passado, o Extra.com já havia reformulado o seu site.
"Estamos entrando numa nova etapa do comércio eletrônico", diz o líder da área de consultoria de varejo da IBM Brasil, Alejandro Padron. Segundo ele, o movimento de hiperconcorrência começou a se desenhar no ano passado, com a entrada do Walmart e das Casas Bahia nas vendas pela internet. "Além disso, o Ponto Frio fez um site praticamente novo no final de 2008", lembra. O Carrefour já anunciou que estreia na rede no ano que vem.
Dois fatores, segundo Padron, explicam essa hiperconcorrência nas vendas online. O primeiro é a "Web 2.0", com a explosão das redes sociais, um fenômeno mundial, e que permite a maior interatividade no comércio eletrônico. O outro fator, típico do mercado brasileiro, é o acesso da classe C à rede mundial de computadores.
Segundo Pedro Guasti, diretor geral da E-bit, consultoria especializada em informações de comércio eletrônico, o Brasil deve fechar este ano com um total de 17 milhões de consumidores online, 4 milhões a mais que em 2008. E quase a totalidade desses novos clientes são da classe C, observa o consultor. A previsão da consultoria para este ano é que o comércio eletrônico movimente R$ 10,5 bilhões, 30% a mais que em 2008, enquanto o varejo tradicional vai crescer cerca de 6%.
Guasti ressalta que a classe C não tem familiaridade com o computador, como o consumidor das camadas mais abastadas. "Ele tem receio. Se o site não for fácil, ele não compra."
De olho nesse consumidor, o Magazine Luiza coloca no ar o novo site na quinta-feira. Frederico Trajano, diretor de vendas e marketing da rede, conta que as vendas online e as lojas virtuais (onde não há produtos, apenas vendedores com computadores) respondem por 13% do faturamento total da rede, e devem absorver 13% do investimento total da empresa. Neste ano, a receita do grupo deve atingir R$ 3,8 bilhões. Já as cifras investidas, ele não revela.
O novo site da rede terá, segundo o gerente de e-commerce, Francisco Donato, recursos de interatividade. A protagonista do site será a Lu, uma nova personagem, mais jovem que a Tia Luiza, que acaba de se aposentar das vendas online. "Fizemos pesquisas com os internautas e descobrimos que o consumidor quer alguém mais jovem no site", diz Trajano.
O site terá centenas de vídeo, notas dadas pelos clientes para os produtos e um blog sobre as novas tendências de tecnologia e decoração. Os consumidores serão incentivados a mandar vídeos para o site dando a sua opinião sobre os produtos comprados. A intenção da companhia é estimular a interatividade, dando bonificações a esses clientes em futuras compras. Trajano diz que produtos poderão deixar de ser adquiridos pela loja, se não forem do agrado dos clientes.
No mês passado, o Extra.com., do Grupo Pão de Açúcar, também mexeu no site. O diretor do Extra.com, Oderi Leite, afirma que a renovação é constante. Mas, em setembro, foi introduzido um assistente de compras que facilita a vida especialmente dos consumidores com pouca familiaridade com as compras online e com a tecnologia que pretende levar para casa. No caso da compra de netbook, por exemplo, o programa já vai selecionando os produtos adequados ao perfil do comprador - tanto em relação ao uso (doméstico ou profissional), quanto em relação ao preço. Leite conta que, na renovação do site, houve um reforço na logística, com a redução no tempo de entrega.
Veículo: O Estado de S.Paulo