Bebidas em embalagens especiais, reutizáveis são boas opção de presentes de final de ano
Gente de mais idade -eufemismo para "este velho repórter"- se lembra do slogan da cachaça Velho Barreiro: "até a garrafa é coisa fina". De fato, para uma cangibrina vendida por cerca de quatro reais, ela tem um garrafa inesperadamente atraente. Alguns anos atrás, a fabricante lançou uma versão da manguaça envelhecida por dez anos, em embalagem ainda mais fina, metalizada.
A moda da garrafa coisa fina pegou bonito. Várias marcas aderiram. Pode ser coisa nova para conhaques ou pingas, mas é coisa antiga em "cognacs".
É o caso do Remy Martin, mais especificamente a versão XO ("extra old"; curiosamente, os "cognacs" franceses são classificados em inglês). A bela garrafa custa mais de 400 contos. Dá pra entender porque o ex-líder do The Who, o guitarrista Pete Townshend, agradeceu a esse "cognac" por ter salvo sua vida, "por ser tão caro".
Mas entre os R$ 4 e os R$ 400 há múltiplas opções de garrafas coisa fina e bebidas idem.
A brasileira Valduga lançou seu Brandy Casa Valduga XV em uma garrafa quadradona charmosa, com rótulo de metal e um texto em inglês enaltecendo os "brandies", já que não podem usar o termo "cognac", específico da região francesa com esse nome. "Cognac" é "chic"; já "conhaque" não soa tão "chique". Usemos "brandy", então.
Garrafas finas embelezam o seu bar e tiram dinheiro do seu bolso, mas podem ser reutilizadas. Reciclar é bom, reusar é ainda melhor. Popular entre donas de casa é usar a garrafa coisa fina para água gelada.
Mas há usos alternativos. O licor Sheridan vem em uma garrafa dividida, boa para colocar xampu e condicionador.
Tequila, bebida mexicana indispensável em um bar civilizado, costuma vir em garrafas quadradonas, como a José Cuervo. Curiosamente, as versões garrafa coisa fina são baixas e bojudas, como a 1921 e a Herencia de Plata.
E, por falar em tequila, outro ingrediente fundamental de um dos coquetéis mais famosos, a margarita, é o licor de laranja Cointreau. Recentemente foi lançada uma "garrafa de colecionador". Trata-se apenas da garrafa usual, mas sem o rótulo... Bem, é pelo menos mais fácil para reutilizar.
A aguardente de vinho italiana grappa popularizou garrafas altas, esguias, com pescoços ainda mais estreitos. Talvez para se afirmar, a Grappa Vecchia Carpenè Malvolti optou pela garrafa baixinha e gordinha.
As aguardentes vinícolas velhas portuguesas -os "brandies" da santa terrinha- também têm garrafas exóticas. Uma preferida: a alta e algo piramidal da marca Antiqua.
Uma amiga recomenda o gim Bombay, aquele do vidro azul-piscina. "Dá vontade de se jogar dentro", diz. "Claro, vira garrafa de água", conclui a moça, que gosta de nadar. Outra sugere o aguardente de pera Poirre Williams: a garrafa tem o formato da fruta e tampa de vidro.
O clássico licor italiano Strega tem uma garrafa idem, mas também pode ser encontrado em embalagem de lata com reutilização óbvia para os peninsulares: guardar espaguete.
O rótulo da marvada também costuma servir de enfeite para bares domésticos. Um nome particularmente simpático é o da cachaça Dona Branca. Seu amigo tem fama de manguaceiro, como o finado líder russo Boris Yeltsin? Dê a ele o licor de vodca e melão Boris Jelzin.
Veículo: Folha de S.Paulo