A SABMiller, segunda maior cervejaria do mundo, acredita que haverá mais oportunidades para expandir-se por meio de aquisições de concorrentes na América Latina, depois de ter deixado passar a chance de comprar a unidade de cervejas da Femsa.
Ter perdido a disputa pela cervejaria mexicana para a Heineken "não é o fim do mundo", disse ontem o presidente da SABMiller na América Latina, Barry Smith, em seminário em Londres. "Ainda acredito que há oportunidades de aquisição na América Latina."
A SABMiller, fabricante da marca Águila, reduziu ontem sua previsão de aumento nas vendas, em volume, na América Latina. Considerou o impacto do aumento de um imposto sobre o consumo na Colômbia, onde a cervejaria obtém 50% de seu lucro na região. A América Latina, que é responsável por cerca de 25% do lucro total da companhia, deve beneficiar-se, no entanto, do aumento no consumo per capita esperado com a volta do crescimento econômico e da tendência dos consumidores de trocar bebidas destiladas locais por cervejas, segundo Smith.
"As oportunidade futuras de crescimento dentro de nossos mercados existentes são grandes", afirmou Smith destacando que países como Brasil e Venezuela são "muito atraentes". A SABMiller controla cerca de 98% do mercado colombiano e possui unidades no Peru, Equador, Panamá, Honduras e El Salvador.
As vendas, em volume, na América Latina aumentarão entre 4% e 6% no "médio prazo", informou a cervejaria, ontem. A previsão anterior variava entre 5% e 7%. O crescimento ficará mais no limite "superior do que no inferior" da nova projeção, segundo Smith.
É "inevitável" que ocorra um aumento de 8% no preço da cerveja na Colômbia em função do aumento no imposto sobre o valor agregado do país, previsto para fevereiro, o que poderia reduzir em 4,5% o crescimento das vendas, em volume, disse o executivo. A SABMiller não ficará com "nada" do aumento de preço e estuda uma segunda elevação, em outubro, acrescentou.
A redução da previsão reflete "o impacto da desaceleração econômica e o sempre presente risco de aumento nos impostos sobre o consumo" em outros mercados, afirmou Smith. O governo da Colômbia pretende elevar o imposto sobre o valor agregado de 3% para 14%, em 1º de fevereiro, e para 16%, em 2011, segundo a cervejaria.
"A SAB está fazendo um ótimo trabalho na América Latina, mas há esses fatores externos que terão impacto de curto prazo", afirmou o analista Jonathan Cook, do Royal Bank of Scotland Group, que participou da conferência. Em termos de oportunidades de aquisição na região agora restam apenas posições pontuais, afirmou Cook. "É difícil ver algo que realmente faça a diferença." Cook classifica as ações da cervejaria com recomendação de "manter".
Para combater o declínio previsto nas vendas na Colômbia, a unidade da SABMiller no país, a Bavaria, reduzirá os custos operacionais e pode até fechar uma de suas cervejarias, de acordo com Smith. Os gastos em bens de capital na região também serão cortados para ajudar a manter o crescimento no lucro, de acordo com o executivo.
A cervejaria também aumentará os gastos em marketing de cervejas especiais, como a Cuzqueña, no Peru, e Águila Light, na Colômbia, para tentar elevar a margem de lucro. As marcas especiais representam 8,8% das vendas da SABMiller na região, o que pode aumentar para 15% "ao longo de algum tempo", afirmou Smith.(Tradução de Sabino Ahumada)
Veículo: Valor Econômico