Bebidas: Novas embalagens e reajuste de preço fizeram mercado chegar a R$ 31,5 bilhões
Nem chuva nem restrição ao fumo no Estado de São Paulo foram páreo para o crescimento das vendas de cerveja no país no ano passado. Com vendas totais de R$ 31,576 bilhões, as cervejarias faturaram 11,8% a mais que em 2008, segundo dados da Nielsen referentes aos 12 meses de 2009. Além de serem beneficiadas por um consumo 5,9% maior - já que o volume vendido atingiu 7,729 bilhões de litros no ano - a indústria nacional da cerveja lucrou com o aumento do preço médio da bebida.
"O ano parecia que ia ser muito difícil mas no final foi muito bom graças à melhora do poder aquisitivo da população", disse Paulo Solmucci Júnior, presidente da Associação Brasileira de Bares, Restaurantes e Lanchonetes (Abrasel). "Com mais dinheiro no bolso o consumidor absorveu o aumento do chope, que ficou entre 10% e 11% no ano e também o da cerveja, que na média ficou em 6%", acrescentou.
A alta no preço da cerveja foi de 11,20% no acumulado entre janeiro e dezembro do ano passado, segundo o IPC-Fipe (índice que mede a variação de preços ao consumidor no município de São Paulo). Além do reajuste, os novos formatos, como as latinhas de 310 ml, colaboraram para levar o faturamento para cima. Embora custem menos para o consumidor, o preço por ml é mais alto.
No mercado mundial, o Brasil foi um dos poucos países em que as vendas de cerveja cresceram em 2009, segundo Trevor Stirling, analista da Bernstein Research, de Londres. "E a alta foi bastante forte devido aos fundamentos sólidos do mercado de consumo do país e do aumento de renda real", disse. Mas o analista faz uma ressalva. "Dois mil e oito foi um ano de crescimento muito baixo", observa. Naquele ano o período de maior consumo (verão e Carnaval) foi muito curto e com clima ruim. "Por isso, na comparação, fica mais fácil conseguir bons percentuais para 2009", explicou Stirling. Em 2008, segundo a Nielsen, foram vendidos 7, 278 bilhões de litros de cerveja no país ou R$ 28 bilhões. Aquele foi o único ano desde 2005 que o mercado não cresceu a dois dígitos em faturamento, com alta de 9,3% sobre 2007.
Na corrida das marcas, a Ambev acabou o ano de 2009 com participação 2,1 pontos percentuais acima do que tinha em dezembro de 2008, passando de 67,8% em dezembro de 2008 para 69,9% no mês passado - depois de ter atingido 70,6% em outubro. Cada ponto percentual equivale a cerca de R$ 315 milhões em vendas.
A Schincariol foi a que mais perdeu, deixando sua fatia de participação no mercado encolher 1,4 ponto percentual, passando de 13,2% (dezembro de 2008) para 11,8% (dezembro de 2009). A Petrópolis caiu 0,39 ponto. A Femsa, dona da marca Kaiser, conseguiu terminar o ano como começou: com os mesmos 7,6% de dezembro de 2008.
Veículo: Valor Econômico