Para chegar a esse número, porém, grupo quer pelo menos a manutenção da carga tributária

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Para chegar a esse número, porém, grupo quer pelo menos a manutenção da carga tributária


A fabricante de bebidas AmBev informou que seus investimentos no Brasil podem chegar a R$ 2 bilhões este ano, ampliando o número que havia sido divulgado no final do ano passado, de um investimento de até R$ 1,5 bilhão em 2010. "Podemos investir até R$ 2 bilhões, o que significaria dobrar o montante em relação a 2009 e atingir o maior nível da história da companhia", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Nelson Jamel. A empresa, porém, condicionou esse crescimento à manutenção da carga tributária do setor.


No ano passado, a AmBev enfrentou um aumento de 15% nos impostos federais que, segundo Jamel, não foi totalmente repassado para o consumidor, possibilitando aumento das vendas. Ele avalia que, se não houver novo aumento da carga tributária, o mercado terá ainda mais incentivos para crescer. "Sem aumento de impostos, não temos repasse de preços e, como consequência, temos aumento no consumo. É um ciclo virtuoso. Estamos tentando apresentar essa dinâmica ao governo", disse.


De acordo com o executivo, os aportes de até R$ 2 bilhões programados para este ano resultarão em um aumento de 10% a 15% na capacidade produtiva da empresa e devem gerar cerca de 44 mil novos empregos, diretos e indiretos. Pelo menos três novas unidade de produção, segundo Jamel, devem ser construídas, além da ampliação de unidades já existentes.


"As decisões de localização das novas fábricas e centros de distribuição, em sua maioria, ainda estão sendo avaliadas", disse. A companhia, porém, já iniciou obras em algumas regiões, como Minas Gerais, interior de São Paulo, Maranhão e Manaus. "Planejamos expansão da capacidade produtiva em 13 Estados."


O executivo ressaltou, durante teleconferência com jornalistas para comentar o balanço de 2009, que a expansão entre 10% e 15% da capacidade instalada não significa que a companhia espera um crescimento das vendas na mesma magnitude, no Brasil, em 2010. "Esperamos crescimento, mas não podemos dizer que chegará a 15%, apesar de os principais elementos que propiciaram o avanço de 2009 serem mantidos, como o crescimento da renda e as condições macroeconômicas. A Copa do Mundo também deve ajudar no aumento das vendas", disse.


A AmBev fechou 2009 com um lucro líquido de R$ 5,98 bilhões, um crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior. A receita líquida no ano passado foi de R$ 23,19 bilhões, um crescimento de 11,1% na mesma comparação.


De acordo com os dados da empresa, as vendas de cerveja em 2009 subiram 9,9%. A empresa atribuiu a expansão ao crescimento real da renda e aos ganhos de participação de mercado. No quarto trimestre, o market share médio da AmBev ficou em 70,1%, 2,6 pontos porcentuais acima do apurado no mesmo período do ano anterior, segundo a Nielsen.


"No Brasil, os fundamentos macroeconômicos continuam a dar suporte ao bom desempenho da indústria. Além disso, o sucesso de nossas inovações continuaram alavancando o crescimento do volume de cerveja, que cresceu 12,1% no trimestre e 9,9% no ano", comentou a empresa no relatório de administração.


CONCORRÊNCIA


A AmBev admite que o fortalecimento da cervejaria holandesa Heineken no mercado brasileiro, após a compra da divisão de cervejas da mexicana Femsa, pode acirrar a concorrência no segmento premium. Mas avalia que, no longo prazo, o aumento da competição pode ser até benéfico para a empresa.


"Por um lado, teremos um competidor global e forte, com ampla experiência no segmento premium, que ainda é pouco desenvolvido no Brasil. Por outro, a presença da Heineken pode estimular o segmento premium e, no longo prazo, essa mudança na configuração do mercado pode acabar sendo uma oportunidade para a AmBev", disse Jamel. "É uma briga dura, mas é uma briga que a gente gosta."

 

Veículo: O Estado de S. Paulo


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