Bebidas: Receita local cresceu 18% no quarto trimestre, compensando queda de volume vendido na maior parte dos países das Américas.
O crescimento no consumo de cerveja e de refrigerantes no Brasil - em torno de 12% em volume - compensou a queda nas vendas no último trimestre na maioria dos 14 países das Américas onde a AmBev atua.
A companhia encerrou o quarto trimestre de 2009 com aumento de 6,5% na receita líquida (R$ 6,77 bilhões) e de 5,3% no lucro líquido (R$ 1,79 bilhão) nos resultados consolidados.
Considerando apenas o Brasil, que representa mais de dois terços das vendas, o aumento foi de 18,2% na receita líquida no período, em comparação ao mesmo trimestre de 2008.
Na operação Quinsa (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai), a queda do volume no trimestre foi de 6,5%. No Canadá, além da perda de 5,6% em volume, a participação de mercado também recuou (em 0,4 ponto percentual).
Já na região que inclui El Salvador, Equador, Guatemala, Nicarágua, Peru, República Dominicana e Venezuela, responsável por apenas 3,5% da receita no trimestre, o volume no período cresceu 11%.
Líder absoluta no mercado de cervejas no Brasil (com participação em torno de 70%), a AmBev viu, no quarto trimestre, sua fatia recuar depois do aumento de preços de 4,5% promovido no período. Em dezembro, o recuo foi de 0,4 ponto percentual e, em novembro, 0,6.
A empresa, que informava mensalmente a sua participação de mercado, declarou que agora só vai fornecer o dado por trimestre. Sendo assim, a comparação da participação média no quarto trimestre de 2009 em relação ao de 2008 fica positiva.
"Tivemos um ganho de 2,6 pontos percentuais: de 67,5% para 70%", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores, Nelson Jamel.
No trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (lajida) cresceu 3,4%, para R$ 3 bilhões. A margem lajida, no entanto, caiu de 45,8% nos últimos três meses de 2008 para 44,5% no mesmo período de 2009.
"No período, investimos mais em marketing e vendas para divulgação dos produtos no verão e no Carnaval", diz Jamel. Além da queda nas vendas no exterior, outro fator de pressão foi o provisionamento para bônus, que costuma ser feito no fim do ano.
A provisão para bônus em 2009 foi de R$ 439 milhões, contra R$ 60 milhões no ano anterior. Segundo Jamel, em 2008, por conta dos resultados abaixo das expectativas no Brasil, não houve provisão. "Por adotar a meritocracia, a AmBev distribui remuneração variável a cerca de 20 mil pessoas - em dinheiro ou ações", diz o executivo.
O montante de R$ 439 milhões será distribuído para 20 mil funcionários, dentro de um universo de 25 mil pessoas no Brasil e de 36 mil, incluindo os demais países. Jamel não informa, porém, quanto disso se refere a "stock options" e quantos altos executivos devem ser contemplados nesse programa. Ainda assim, o diretor afirma que a empresa está preparada para seguir a nova instrução da CVM, nº 480. "Mas só vamos abrir mais detalhes da remuneração em maio", afirma.
Para a AmBev, segundo ele, as novas determinações não são um problema. "Somos sempre a favor de qualquer movimento para melhorar a transparência das demonstrações financeiras", diz ele, referindo-se à informação referente à remuneração média dos diretores e dos membros do conselho, assim como dos valores máximos e mínimos. "No final, isso vai trazer mais transparência", diz.
A dívida total da companhia em dezembro de 2009 era de R$ 7,3 bilhões, com posição de caixa de R$ 4 bilhões, o que resultou em dívida líquida de R$ 3,2 bilhões. Em relação a dezembro de 2008, o valor da dívida líquida sofreu uma redução de mais de 50% (era de R$ 7,4 bilhões), de acordo com Jamel. "Isso mostra que, mesmo em um ano difícil, conseguimos melhorias porque adotamos as estratégias adequadas, de investir em inovação e produtividade", afirma. No ano, a receita líquida cresceu 12% para 23,2 bilhões e, o lucro líquido, 17%, para R$ 5,98 bilhões.
Veículo: Valor Econômico