A indústria de refrigerantes espera vender pelo menos 1,3 bilhão de litros a mais este ano do que em 2009. A alta, de 6,8%, é cinco vezes maior que o percentual de crescimento alcançado em 2009, de 1,35%. O consumo nacional passou, no último ano, de 14,148 bilhões de litros para 14,339 bilhões. O maior aumento, entretanto, aconteceu no faturamento. A movimentação do setor, que em 2008 era de R$ 20,9 bilhões, subiu 6,37%, para R$ 22,286 bilhões. O principal motivo foi a escalada da cotação do açúcar, que provocou elevação nos preços da bebida.
"Nos refrigerantes, o custo do açúcar representa 38% do preço final do produto", afirma Paulo Mozart, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir). De janeiro a dezembro do ano passado, a commoditie teve alta de 105,12% no mercado internacional. Como reflexo, na Grande São Paulo, por exemplo, o preço da bebida subiu 8,2% para o consumidor, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Nem mesmo os refrigerantes diet, light e zero açúcar ajudaram a aliviar a pressão de custos. Assim como vem acontecendo nos últimos quatro anos, a fatia das bebidas sem açúcar permaneceu estável em 8,1% do mercado em 2009.
"A oscilação de preços do açúcar e o déficit de latas serão os dois principais desafios do setor este ano", diz Mozart. "O consumo no ano passado começou tímido - por conta da crise - mas foi se desenvolvendo com o passar dos meses. Quando chegou o verão, entretanto, houve um pico de consumo que vem se mantendo nesses dois primeiros meses de 2010 também", afirma Mozart. Essa alta de vendas se verificou também no mercado de cervejas, que fechou o ano com 7,7 bilhões de litros vendidos e faturamento de R$ 31,5 bilhões, segundo a Nielsen.
O aumento repentino da demanda pegou desprevenida a indústria de latas, que agora enfrenta um déficit de 1,5 bilhões de unidades, que deve perdurar até abril ou maio, segundo previsão da associação dos fabricantes de latas.
A indústria de embalagem, entretanto, já está se preparando para acompanhar o crescimento do mercado de bebidas. Por conta da Copa do Mundo da África, no meio do ano, do ganho de renda da população e das altas temperaturas deste verão, a indústria prevê um crescimento de até dois pontos percentuais acima do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 4,8% para o ano. As quatro maiores empresas do setor - Coca-Cola, AmBev, Pepsi e Schincariol - anunciaram investimentos da ordem de R$ 6 bilhões este ano. Com isso, o país, hoje quarto maior produtor de refrigerantes do mundo (empatado com a China e atrás de Estados Unidos, Europa e México), tem grande chance de melhorar sua posição em outro ranking: o de consumo per capita. Nesse quesito, ainda está na 19ª posição.
Veículo: Valor Econômico