Eis a Equa, extraída de uma fonte em uma pequena cidade próxima de Manaus, criada por um brasileiro em sociedade com um mexicano. O objetivo: conquistar os Estados Unidos
Há cerca de dez anos, o empresário Adalberto Martins, 53 anos, andava pelo Iracema Falls, resort de propriedade de seu pai, Orígenes, no município de Presidente Figueiredo, a 100 quilômetros de Manaus, quando olhou de uma forma diferente para o belo cenário natural que o circundava. Ele enxergou no terreno de 1,5 mil hectares, onde há sete cachoeiras, duas grutas e três fontes de água, uma grande oportunidade de negócios que passam bem longe do setor de turismo.
“Já bebia a água de lá e resolvi verificar se poderia comercializá-la”, diz Martins. “Coletei uma amostra e mandei fazer a análise em Michigan, nos EUA. Os próprios analistas não acreditavam no alto grau de pureza”, conta. A equipe de pesquisadores veio, então, ao Brasil, e fez outros estudos. “Eles concluíram que nossa água tinha teor de bicarbonato, de magnésio e de nitrato próximo a zero. Isso indica que a água proporciona uma hidratação maior”. Com os dados em mãos, o empresário resolveu pôr em prática um ambicioso plano: criar uma marca de água de luxo com presença internacional. Batizada de Equa, ela começa a ser distribuída em cidades americanas da Califórnia e do Texas, em junho.
O responsável pela entrada da marca no mercado americano é o empresário mexicano Antúrio Tamayo, que vive nos EUA. “Nos conhecemos em um almoço na casa de um amigo e ele se empolgou com o projeto. Hoje, Antúrio é CEO da empresa e cuida da comercialização e distribuição da Equa fora do Brasil”, diz Martins. Os próximos passos são Arábia Saudita, Dubai e Coreia do Sul. O foco parece mesmo ser o Exterior. Afinal, o primeiro escritório da empresa foi montado nos EUA. “Aqui em Presidente Figueiredo, cuidamos da produção. A água será engarrafada ao lado da fonte e embalada na hora”, fala Martins. A distribuição se dará em duas frentes. Nos EUA, a água será encontrada em lojas e empórios de produtos orgânicos. No Brasil, será vista em restaurantes requintados.
Até o fim de 2010, os sócios esperam vender 20 milhões de garrafas e faturar cerca de US$ 30 milhões. Dentro de cinco anos, a meta é chegar a 150 milhões de unidades vendidas. A princípio, a participação das vendas brasileiras não deve ser tão elevada. Afinal, o mercado nacional, que movimentou R$ 1,4 bilhão em 2009, ainda é pequeno se comparado ao externo.
“Em termos de águas superpuras e de maior valor agregado, não há um competidor relevante no País”, explica Alfredo Pinto, sócio da consultoria de mercado Bain & Co. Enquanto nos Emirados Árabes Unidos são consumidos anualmente 280 litros per capita e nos EUA, 106 litros, o brasileiro aparece com 37 litros por pessoa. Além disso, o consumo de águas de alto valor agregado tende a ser maior em países onde a cultura do vinho é mais forte. “A Argentina tem mais essa cultura do que o Brasil. Na medida em que a cultura do vinho for mais difundida por aqui, as águas premium podem pegar uma carona”, diz Alfredo Pinto, da Bain & Co.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro