O estado norte-americano da Flórida ganhou um concorrente de peso no mercado de cítricos. Com a fusão da Citrosuco, do grupo Fischer, com a Citrovita, do grupo Votorantim, a empresa combinada terá 25% do mercado global. No front interno, o acordo também terá impacto, já que a participação da nova companhia será de 50%. Por conta disso, a Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) levará ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na quinta-feira pedido de reavaliação do negócio.
A nova empresa, que terá faturamento de R$ 2 bilhões por ano, irá superar a rival Cutrale.
"A ideia é verificar se esse acordo vai mesmo se manter", afirmou Flávio Viegas, empresário e presidente da Associtrus.
Tales Lemos Cubero, presidente da Citrosuco, e Mario Pavaresco Jr., presidente da Citrovita, foram questionados sobre a possibilidade de o órgão impor restrições ao negócio. Para os executivos, é importante criar uma empresa em condições de fazer frente a um movimento de consolidação de companhias instaladas nos Estados Unidos e na Europa. "O negócio aumenta o poder da indústria nacional a um nível internacional", destacou Cubero.
Segundo Viegas, o acordo entre as duas gigantes diminui a concorrência no mercado, tira espaço dos produtores e deixa o setor industrial concentrado.
"Com o fortalecimento das indústrias, os players serão reduzidos no mercado", disse. De acordo com o presidente da Associtrus, outra desigualdade é o market share. "Por exemplo, a Citrosuco, que detinha 30% de market share, e a Citrovita, que assegurava cerca de 15%, agora terão os seus valores somados para cerca de 45%", falou.
A companhia terá potencial para exportar para mais de 80 países e terá capacidade instalada de processar acima de 40% de todo o suco de laranja produzido e exportado pelo Brasil.
Os executivos não revelaram detalhes da operação, que envolve os ativos de processamento de suco dos grupos Fischer e Votorantim, mas ressaltaram que não existem pretensões de a empresa abrir capital no momento. Os dois também não traçaram projeções sobre o prazo para a conclusão da operação.
A companhia será composta por seis fábricas no interior de São Paulo e uma na Flórida, além de operar terminais portuários no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia; e navios próprios e fretados.
A nova empresa, segundo os executivos, terá capacidade de processar acima de 40% a 50% de uma safra total brasileira, equivalente a cerca de 160 milhões de caixas de suco.
Veículo: DCI