InBev briga por espaço no mercado da China

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Se governo chinês aprovar aquisição da Anheuser-Busch, empresa belgo-brasileira será detentora de 13% do mercado de cervejas

 

Maior mercado de cerveja do mundo, com 20% do consumo global, a China entrou na rota da belgo-brasileira InBev depois da compra da Anheuser-Busch, que deixará a empresa à beira do segundo lugar no ranking das maiores cervejarias do país asiático, liderado pela SABMiller. A presença na nação mais populosa do mundo é cada vez mais estratégica para as grandes fabricantes mundiais de cerveja, que repetem dentro das fronteiras chinesas a disputa de mercado global. Os principais players estrangeiros no país são SABMiller, Anheuser-Busch e InBev.

 

O desafio para a InBev e as demais cervejarias estrangeiras na China é abrir espaço num mercado fragmentado, com centenas de marcas regionais, que se mantêm em pé apesar de estreitas margens de lucro e eventuais prejuízos.

 

Se a fusão entre a InBev e a Anheuser-Busch for aprovada pelo governo de Pequim, a nova empresa terá 13% do consumo de cerveja na China, com 48 milhões de hectolitros por ano, o que transformará o país asiático em seu terceiro maior mercado depois dos Estados Unidos e Brasil.

 

Com essa fatia, a cervejaria belgo-brasileira encostará na segunda colocada, Tsingtao, que possui 14% do mercado e na qual a Anheuser-Busch tem 27% de participação. Por enquanto, a SABMiller é a que se deu melhor na guerra chinesa das cervejas. Rival da InBev na disputa pelo primeiro lugar mundial, a empresa produz a líder de mercado na China, a Snow, cujas vendas saltaram 69% no ano passado.

 

Apesar de ter crescido a ritmo de dois dígitos ao ano durante quase uma década, o consumo de cerveja na China é de 28 litros per capita, metade do registrado no Brasil.

 

BRASILEIRO DE CORAÇÃO

 

A tarefa de aumentar a presença da InBev na China está nas mãos de Miguel Patrício, de 42 anos, um "brasileiro de alma e coração", que nasceu em Portugal, mas se mudou para São Paulo aos 9 anos. Presidente da InBev para a região Ásia-Pacífico, Patrício comanda as operações da empresa do escritório em Xangai, rodeado por uma equipe de 100 pessoas, 9 das quais brasileiros. Mas grande parte do seu tempo é dedicada a visitas às 20 fábricas da InBev na China, nas quais trabalham 20 mil operários - a Anheuser-Busch tem outras 15 fábricas, com 17 mil funcionários.

 

A empresa cresceu por meio de aquisições de cervejarias locais e hoje tem cerca de 20 marcas, refletindo a fragmentação do mercado. A essas deverão se juntar as duas da Anheuser-Busch: Budweiser e Harbin, a mais antiga da China.

 

Os carros-chefe da InBev são as marcas Sedrin, KK e RedRock. A Brahma é produzida na cidade costeira de Ningbo e vendida somente lá ou e nos restaurantes brasileiros de Xangai. "É um teste de mercado e ainda é cedo para falar em resultados", disse o presidente regional da InBev.

 

Patrício acredita que o processo de consolidação do mercado chinês tende a se acelerar, com a fusão de empresas e a redução do enorme número de marcas vendidas no país, estimado em algo entre 500 e 1.000. "A China tem uma das menores margens de lucro do mundo", afirmou.

 

Neste ano a situação piorou com a desaceleração das vendas, que devem se expandir 4%, comparados a 14% em 2007. Na avaliação de Patrício, o menor crescimento pode ter um efeito colateral positivo, na medida em que deve forçar pequenos produtores a fecharem suas portas.

 

O analista Matthew Crabbe, da consultora Accessasia, ressaltou que ganhos de escala são fundamentais na China. "As baixas margens de lucro significam que você precisa vender muito para fazer dinheiro. E, para isso, você precisa de canais de distribuição fortes e eficientes, que são caros para construir e requerem produção local em diferentes regiões."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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