AmBev prevê importar latas em mercado superaquecido

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A possibilidade de importar latas de alumínio é uma preocupação concreta da AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), líder do mercado brasileiro. Segundo a empresa, os custos de produtos vendidos no primeiro trimestre foram impactados pela necessidade de trazer latas para atender o mercado interno. A AmBev afirma que, caso o volume cresça mais, a importação pode ser a saída novamente, o que deverá impactar ainda mais os custos.

 

"No Brasil, os fundamentos macroeconômicos continuam a dar suporte ao crescimento da indústria", diz João Castro Neves, diretor-geral da AmBev.

 

"Tivemos um movimento atípico, muito acima do esperado no início do ano, o que exigiu que latas importadas abastecessem o mercado", diz o diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralata), Renault Castro. Segundo o executivo, a expectativa do mercado é que houvesse crescimento de 10% em 2010, mas já foram atingidos 20% de incremento até abril, em relação ao mesmo período de 2009. "Os dados que temos disponíveis apontam a que foram importados 300 milhões de latas, vindas principalmente dos Estados Unidos".

 

A Abralata acredita que esse é um bom problema, pois prova que o mercado subiu um degrau. "Mas a expectativa é que a oferta de latas aumente no primeiro trimestre de 2011."

 

O surpreendente crescimento do mercado no início do ano decorreu do aumento do poder aquisitivo no País. "Além do poder de compra da população, outro fator que tem ajudado as vendas foi a Lei Seca [proibição de dirigir alcoolizado], que tem gerado aumento de vendas de latinhas em supermercados", afirma Castro.

 

Capacidade

 

A Copa do Mundo, que começa daqui a 15 dias, deve aumentar a demanda por bebidas enlatadas. Em 2009, o Brasil tinha capacidade instalada de produção de latas de alumínio de 16,8 bilhões de unidades e o consumo chegou a 14,4 bilhões de latas. Para atender o aumento da demanda, todas as indústrias produtoras nacionais - Latapack Ball, Rexan e Crown- têm planos de expansão de produção em 2010.

 

A Rexan inaugurará uma fábrica em Pouso Alegre (MG) para elevar em 700 milhões de latas sua capacidade. A Latapack Ball também deve aumentar a produção em cerca de 700 milhões de latas. "Ainda no primeiro trimestre de 2011, a produção brasileira de latas deverá ultrapassar os 24 bilhões de latas", antecipa diretor-geral da AmBev.

 

Alumínio

 

Um temor concreto da indústria de latas é o fornecimento das folhas de alumínio. Recentemente, produtores de alumínio reclamaram da pressão que a energia elétrica tem causado nos custos do setor. "O alumínio representa quase 70% dos custos de nosso produto e estamos nas mãos de um único fornecedor, a Novelis, que atende toda a América Latina", afirma o presidente da Abralata. Ele acrescenta que: "Se o setor tivesse de importar a matéria-prima, haveria um estrangulamento dos negócios, pois a tarifa de importação é de 12%". Ontem, empresários do setor de alumínio estiveram em Brasília para reivindicar apoio ao governo.

 

Salto

 

A Crown Embalagens Metálicas calcula aportes na casa dos US$ 170 milhões que possibilitarão um salto de 3,5 bilhões para cerca 6,5 bilhões de latinhas produzidas já em 2011.

 

Para abocanhar uma fatia maior desse bolo, a Crow instala hoje uma nova planta capaz de produzir 2 bilhões de latas, na cidade de Ponta Grossa (PR), além de duplicar a capacidade de 1 bilhão de recipientes na unidade de Estância (SE) e de aumentar a capacidade da fábrica de tampas em Manaus (AM).

 

O presidente da Crow, Rinaldo Lopes, crê que o faturamento da empresa, que detém cerca de 20% do market share, deve acompanhar a ascensão do setor, crescendo 15% este ano, sobre os US$ 250 milhões ganhos no ano passado. Por aqui, a companhia mantém uma joint venture com a Petropar. Mundialmente, o grupo Crown Holdings movimenta ao todo, US$ 8 bilhões, nos 42 países em que está presente.

 

Camex

 

O risco de desabastecimento de latinhas e rótulos de cerveja para a Copa do Mundo de Futebol levou a Câmara de Comércio Exterior (Camex) a baixar as tarifas de importação desses dois itens.

 

De acordo com a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola, a redução de alíquota dos rótulos de cerveja, de 14% para 2%, e das latas de alumínio, de 16% para 2%, terá validade de seis meses.

 

"É sazonal, temporário, até entrar em plena produção a ampliação da capacidade", explicou Lytha.

 

De acordo com a Câmara de Comércio Exterior, não há fabricação do papel específico para os rótulos da bebida, e com isso a indústria nacional de latas de alumínio já opera com a "máxima utilização de sua capacidade instalada".

 

"A própria produtora nacional, em carta enviada à Camex, declarou que não teria condições de atender a esse aumento de demanda", complementou a assessora especial da câmara, Anamélia Soccal Seyffarth.

 

Anamélia ressaltou que a previsão de aumento da demanda de latinhas para o primeiro semestre deste ano é de cerca de 15%.

 

A Camex decidiu também, em reunião ontem reduzir o imposto de importação de bens de capital.

 

A Abralata informou a importação agora atende aos interesses de seus clientes.

 

Veículo: DCI


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