Governo deve manter alíquotas após pressão dos fabricantes de bebidas

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Companhias se comprometeram a investir o dobro da verba de 2009 em produção e montante deve ultrapassar os R$ 4 bilhões

 

Para evitar perdas em um ano de vendas recordes puxadas pela Copa do Mundo, a indústria de bebidas está pressionando o governo para adiar o aumento de impostos federaisque incidemem cervejas e refrigerantes, como IPI, PIS e Cofins. A atualização das taxas estava prevista para o iníciodeste ano. Mas após reuniões com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e representantes da Receita Federal, o segmento de bebidas se comprometeu a dobrar os investimentos em 2010 para ter em troca a permanência das alíquotas atuais. O último reajuste, realizado no ano passado, incidiu em um aumento de 15% na carga tributária das empresas.

 

Caso a pressão do segmento dê resultado, a indústria de bebidas afirma criar mais de 44 mil empregos com os investimentos em construção e ampliação de fábricas de bebidas que devem ultrapassar os R$4 bilhões este ano.

 

“Em uma atitude inusitada, o setor prometeu um investimento recorde do que vinha realizando nos últimos anos. Comesse cenário, o governo se sensibilizou para saber a hora de fazer os reajustes. E o melhor momento não é agora”, afirma Paulo Macedo, diretor de relações institucionais da Heineken no Brasil. Segundo ele, após o início das negociaçõescom o governo, a companhia “recebeu ordens expressas da Holanda e México para continuar investindo forte no segmento”. O Grupo Femsa, cuja operação de cervejas foi adquirida pela empresa holandesa em janeiro, pagou R$ 1,8 bilhões de impostos em 2009.

 

Um exemplo da mudança de planos entre as companhias para brecar a alta das taxas é a verba divulgada pela AmBev. No final de 2009, a empresa anunciou a verba recordedeR$ 1,5bilhão em produção neste ano, montante que passou para R$ 2 bilhões com o início das negociações com o governo para a permanência das alíquotas atuais. “Se houver aumento na base de impostos teremos que dar um passo atrás nesses investimentos”, afirma Alexandre Loures, gerente de comunicação da AmBev, que contribuiu com R$ 11,5 bilhões (15% acima de 2008 sem considerar o aumento de produção no período)

 

Já o Grupo Schincariol, divulga um investimento de R$ 1 bilhão em 2010, com grande parte do montante já destinado para a ampliação de sua produção. “O aumento dos tributos não influenciará a nossa verba pois a maior parte já foi direcionada”, afirma Adriano Schincariol, presidente da companhia, que pagou R$ 2,2 bilhões de impostos no ano passado (alta de 12,8% sobre 2008).

 

Vendas no segundo verão Além de manter a verba repassada ao governo inalterada, a indústria de bebidas se esforça para não perder as vendas em pleno “segundo verão do ano”: a Copa do Mundo. A perspectiva do mercado é que o consumo de cerveja e refrigerante durante os jogos aumente até 30%em relação ao mesmo período de 2009. O reajuste brecaria também o crescimento que o segmento tem obtido desde o ano passado devido ao bom momento da economia brasileira.

 

“Com o aumento do volume comercializado, conseqüentemente, pagamosmais impostos. E a maior arrecadação é em cadeia, comempresas de embalagens e de matérias-primas pagando mais também”,comentaMacedo.

 

Contatado, o Ministério da Fazenda afirmou através de sua assessoria que “não comenta assuntos enquanto não há nada oficial”. Já a Receita Federal diz que “a medida ainda está em negociação” e que o órgão é “coadjuvante nessa questão”.

 

Veículo: Brasil Econômico


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