Os sinais de que o Brasil colherá sua pior safra de laranja em sete anos nesta temporada que se inicia deverão influenciar a alta das cotações internacionais do suco nos próximos meses, ratificou a Cutrale, líder global do segmento com sede em Araraquara, no interior paulista.
Nesse cenário, diz Carlos Viacava, diretor corporativo da empresa, os novos contratos com os fornecedores independentes da fruta, incluem aumentos de 50% a 60%. "Alguns dos produtores, aos quais pagávamos R$ 5 por caixa [de 40,8 quilos], agora estão recebendo R$ 14 ou R$ 15". O executivo ressalva, porém, que a alta média é menor.
A cadeia do suco de laranja movimenta US$ 20 bilhões por safra, e as oscilações do suco afetam desde agricultores em São Paulo e na Flórida [donos dos dois maiores parques citrícolas do planeta] até engarrafadoras como Coca-Cola e PepsiCo.
Ontem, em Nova York, os contratos de suco concentrado e congelado (FCOJ) para setembro fecharam a US$ 1,3835 por libra-peso. Em março, o nível era pouco superior a US$ 1,50, mas em relação a janeiro de 2009 os preços subiram quase 100%, influenciados por safras menores.
O aumento chega em meio às previsões da Cutrale de uma produção de 286 milhões de caixas no principal cinturão do país em 2010/11, 6,2% menos que no ciclo passado e o menor volume desde 2003/04 .
Os preços poderão ser ainda mais afetados se a colheita na Flórida for atingida por furacões neste verão setentrional. Meteorologistas preveem que esta será uma das piores temporadas de furacões. A previsão de colheita já é baixa para o Estado americano, pois leva em conta as geadas deste ano e o impacto da disseminação do greening, doença também encontrada em São Paulo.
O novo alerta sobre o aumento dos preços acontece pouco depois do anúncio, no Brasil, da fusão entre a vice-líder Citrosuco e a terceira maior exportadora de suco, a Citrovita. A união deslocará a Cutrale para a segunda posição no ranking.
Veículo: Valor Econômico