Bebida de soja cai no gosto do Brasil e vende R$ 1 bi

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Consumo em alta deve garantir avanço de 20%no faturamento de R$ 757 milhões no ano passado. Ades, da Unilever, foi pioneira

 

O brasileiro tem dado goles cada vez mais frequentes nas bebidas à base de soja—leite original ou saborizado e soja com suco de frutas —, elevando o consumo per capita de 700 ml em 2005 para 1,3 litro no ano passado. O gasto anual por domicílio foi de R$ 28,2 no ano passado e para este ano, o mercado e a agência de pesquisa Nielsen apostam em um aumento de cerca de 20% nas vendas dos produtos que compõem a categoria, podendo levá-la a faturar perto de R$ 1 bilhão, ante os R$ 757 milhões atingidos no ano passado.

 

Vale lembrar que o número registrado no ano passado já era, em valor, 23,4% superior ao atingido no ano anterior. São números consideráveis para uma categoria que estreou no mercado em 1996 pelas mãos da Unilever, a criadora do Ades. O produto tornou a bebida de soja conhecida em todo o território nacional.

 

O que mais puxa a categoria é o item suco de frutas com soja, que lota as gôndolas dos supermercados com sabores como o de pera com menta, romã e lichia, criados especialmente para satisfazer o paladar brasileiro, pouco habituado ao acentuado sabor da soja. Na Ásia, onde a categoria também vive um momento frutífero, a preferência é pelo leite puro, com gosto de soja bem acentuado.

 

Com o sabor da soja “camuflado” pelo suco de frutas, o que se observa no mercado é o fenômeno, por parte de muitos consumidores, da troca do suco de frutas pronto para beber pela caixinha de soja com suco de frutas. “O Brasil tem consumido muito este tipo de produto, estimulado pelos benefícios trazidos pela soja. Diferentemente do leite de soja, que não é consumido durante todo o dia, o suco com soja tem acompanhado as refeições e apareci aparecido em ocasiões diversas como a hora do lanche”, garante Joana Fleury, gerente de marketing de Ades da Unilever.

 

Para não deixar o leite de soja de lado, a Ades aposta ainda nos produtos saborizados para atrair quem torce o nariz para a versão original. A empresa também investe na criação e divulgação de receitas culinárias que levem a bebida como forma de incentivar as vendas.

 

Investimento

 

Embora seja líder da categoria bebidas à base de soja, com 66,2% de participação em valor, pelos dados Nielsen de junho (em 2009, ela tinha 63,4% de mercado), a Unilever deseja ampliar sua fatia no mercado. Para isso, está investindo R$ 20 milhões na marca neste ano.

 

No momento, está com a campanha “Manifesto de Ades” no ar. O intuito é incentivar os consumidores a viver com mais autenticidade e liberdade e, é claro, consumir Ades.

 

Embora o mercado de bebida de soja tenha avançado 102,5% em volume, entre 2005 e 2009, e 111,5% em valor no mesmo período, ele atinge apenas 38,6% da população. “Apesar de convivermos frequentemente com novos entrantes na categoria, o mais importante, no momento, é desenvolver este mercado. Não adianta eu ter uma fatia de 90% de um bolo pequeno”, afirma Joana.

 

O próximo passo da indústria de bebida de soja é partir para a versão de 200 ml, aponta Daniel Souza, gerente de atendimento da Nielsen. “Existe uma tentativa de aumentar a distribuição com embalagens menores, voltada à população que fica mais tempo na rua e busca uma alimentação saudável. A categoria ainda é muito focada na versão de um litro.”

 

A Yoki confirma essa tendência e lança neste mês a sua bebida de soja em embalagem de 200 ml.

 

Nestlé, Yoki e Shefa brigam pelo segundo lugar

 

Para ser o vice-líder, vale de tudo, de novos sabores a patrocínio de atletas

 

Tirar a liderança de Ades é uma missão quase impossível no curto e médio prazos e todos os concorrentes da marca admitem isso. A grande questão hoje é saber quem, afinal, ficará com o segundo lugar do segmento de bebidas à base de soja no acumulado de vendas deste ano.

 

A Nestlé, dona da marca Sollys, garante que, após apresentar um crescimento muito acima do mercado no mês de junho, assumiu a segunda posição — em volume — na categoria de bebidas à base de soja.

 

Lançada em 2007, a linha Sollys está presente em todo o país e, segundo a fabricante, vem crescendo embalada em novas versões, nas ações crescentes de marketing e também nos patrocínios esportivos. Atualmente, a marca patrocina o Vôlei Feminino de Osasco (SP) e a atleta Maureen Maggi.

 

A marca Sollys cresce a dois dígitos e poderá avançar ainda mais, afirma Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil. “Estamos indo muito bem. Considero o nosso produto superior e estamos bem posicionados no mercado e ganhando espaço. Nenhum concorrente nos assusta. Nós temos estrutura, plataforma e tecnologia para enfrentá- los”, diz Zurita.

 

Quem também reivindica para si o segundo lugar são a Yoki e a Shefa. Gabriel Cherubini, vice-presidente da Yoki, dona damarca Mais Vita, acredita que detém entre 10%e 11%do mercado nacional de bebida de soja.

 

Há cerca de dois anos no mercado, a marca é facilmente encontrada nos supermercados e atribui seu crescimento à qualidade - seu processo produtivo é baseado em TDG (Tecnologia Direto do Grão), ao invés do uso da proteína isolada de soja - e também ao preço — cerca de 10% inferior à Ades.

 

“Nossa fábrica trabalha com equipamentos importados da Suécia e de Cingapura, o que nos ajudou a atingir um produto com sabores diferenciados. Além disso, temos uma boa distribuição, o que nos permitiu atingir a atual posição em pouco tempo”, afirma Cherubini.

 

Para atingir novos consumidores, a Yoki está lançando o Mais Vita na versão de 200 ml.  “Queremos estar na lancheira das crianças e também atingir quem faz dieta. A ideia é fazer com que as pessoas tomem o Mais Vita ao invés de comeruma barrinha de cereal”, sonha.
 


Um novo personagem, contudo, pode estragar o sonho de Cherubini. Trata-se de Pedro Ribeiro, diretor comercial da Shefa, fabricante de leite, sucos e bebidas à base de soja. Ele pretende retomar o segundo lugar na categoria bebidas à base de soja, conquistada em 2008, mas perdida no ano passado, em função da capacidade produtiva inferior à demanda do mercado. “Mais do que duplicamos nossa linha de produção para reconquistar um lugar que já foi nosso”, afirma Pedro. Os próximos meses devem esquentar.

 

COPO MEIO VAZIO

 

● Embora o consumo de bebidas à base de soja tenha crescido 111,7% no país de 2005 a 2009, apenas 38,6% da população enche o copo com leite de soja ou suco com soja no ano.

● Ainda há muito espaço para as indústrias crescerem na categoria, principalmente em produtos como o leite de soja saborizado. A Ades informa que atua sozinha neste nicho, com versões como banana. As vendas superam o crescimento de 20%.

 


Veículo: Brasil Econômico


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