China faz preço de vinho francês subir

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No início de julho, a Hart Davis Hart Wine Co. começou a vender antecipadamente a safra 2009 do Bordeaux Château Lafite Rothschild por US$ 18.000 a caixa.

 

Em quatro dias, a varejista e casa de leilões de Chicago tinha vendido tudo. Mas o preço do fornecedor subiu e a Hart Davis Hart passou a vender a caixa com 12 garrafas para entrega futura por US$ 23.000 - cerca de US$ 1.900 a garrafa.

 

"É muito mais caro do que já vimos em outras campanhas de vendas futuras", diz Ben Nelson, diretor-superintendente da Hart Davis Hart Wine.

 

Já se espalha o boato de que os vinhos mais caros da safra 2009 de Bordeaux podem ser os melhores da história. E, mesmo se não forem, é bem possível que sejam os mais caros.

 

Parte do motivo é que o clima no oeste da França foi praticamente perfeito no ano passado.

 

Mas os vinicultores e comerciantes da bebida também dão crédito à demanda crescente das economias emergentes, especialmente da China, onde marcas como Lafite e Margaux se juntaram a Prada e Hermés como símbolos de ostentação. Ano passado, a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior mercado de exportação da região de Bordeaux, em volume, fora da Europa.

 

Outros vinhos também podem se beneficiar do clima perfeito do ano passado, e também da sede na China. Mas só será possível saber isso quando esses vinhos forem engarrafados e vendidos. Os vinhos de Bordeaux são incomuns nesse sentido porque nos 5% de suas vinícolas que são consideradas as melhores os contratos futuros são vendidos quando a safra ainda está no barril. O Bordeaux de 2009 só deve ser engarrafado a partir do ano que vem.

 

A qualidade do vinho de Bordeaux também muda anualmente mais que na maioria das outras regiões. Um bom motivo é a localização de Bordeaux na costa atlântica da França, que tem clima oscilante, diz William Echikson, autor de "Noble Rot: A Bordeaux Wine Revolution". Bordeaux também tem seus regulamentos locais, como a proibição do uso de coberturas para proteger as uvas da chuva, o que expõe mais os vinhedos ao clima.

 

O verão de Bordeaux foi quente ano passado, com uma máxima média de 26 graus centígrados em julho e agosto. Isso criou condições ideais para o amadurecimento, segundo o Conselho do Vinho de Bordeaux, que representa os produtores locais. Em setembro, pouco antes da colheita, os dias foram quentes mas as noites foram frias, o que ajuda a controlar as pragas.

 

A boa reputação do Bordeaux 2009 começou a crescer em março, quando especialistas em vinho provaram a última safra. Robert Parker, um dos críticos mais influentes do mundo, escreveu em seu boletim "Wine Advocate" que certos vinhos Bordeaux de 2009 "podem ser a melhor safra que já provei em 32 anos cobrindo o Bordeaux".

 

Os preços ficam ainda mais extraordinários porque são para um vinho que vai ficar no barril até o ano que vem ou até 2012. As 200 ou 300 melhores vinícolas de Bordeaux usam um sistema chamado venda "en primeur", ou pré-venda, para parte de seus produtos. No início de cada verão, vendem contratos futuros para intermediários, que vendem os contratos para colecionadores, investidores e varejistas de vinhos finos.

 

Normalmente o preço sobe depois que o vinho é engarrafado. O Lafite Rothschild de 2008 - considerado bom, mas não excelente - foi vendido na vinícola a 185 euros (US$ 238) ano passado. Hoje em dia vale mais de 1.000 euros, segundo Philip Gearing, diretor de vendas da firma de investimento em vinho Cult Wines Ltd., da Inglaterra. Ele diz que a versão de 2009 custou 860 euros na vinícola. Uma porta-voz da Lafite Rotschild não quis discutir os preços de seus produtos.

 

Um fator importante por trás disso é a China. O volume de vinho Bordeaux vendido ao país ano passado foi 39 vezes maior que o de 2000, segundo o Conselho de Vinho de Bordeaux. As exportações da safra 2009 do Bordeaux à China subiram 97% em volume e 40% em valor frente a 2008.

 

"A China agora é nosso mercado mais importante, até mais que a França", diz Paul Pontallier, diretor-geral do Château Margaux, que abriu recentemente um escritório em Hong Kong. "Ele realmente disparou nos últimos seis ou doze meses."

 

Veículo: Valor Econômico


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