Baixo consumo de suco preocupa setor

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Produtores de laranja e indústrias também estão preocupados com a alta dos custos e a queda nas exportações

 

Umas das saídas seria ampliar o consumo interno (de 12 para 15 litros por pessoa) e buscar novos mercados

 

A queda no consumo de suco de laranja nos principais mercados internacionais e o aumento do custo de produção da fruta estão entre os principais problemas enfrentados pelas duas pontas da cadeia do setor: os produtores e a indústria citrícola.

 

Somem-se a isso problemas existentes no meio da cadeia, como a concentração do mercado varejista nos Estados Unidos e na Europa, principais destinos do suco de laranja exportado pelo Brasil, e o câmbio desfavorável, agravante para um setor que vende no mercado externo 98% do suco que produz.

 

O quadro do setor é resultado do estudo "O Retrato da Citricultura Brasileira", feito pelo centro de pesquisa Markestrat, sob coordenação do professor Marcos Fava Neves, da FEA/USP, campus de Ribeirão Preto.

 

Segundo o estudo, em um período de seis anos, de 2003 a 2009, o consumo de suco de laranja caiu 6% na soma dos 40 países com maiores mercados para a fruta.

 

A situação é preocupante porque três em cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo saem do Brasil. As exportações da cadeia citrícola brasileira em 2009 totalizaram 2,15 milhões de toneladas, gerando receita de US$ 1,84 bilhão -cerca de 3% das exportações do agronegócio.

 

O agravante é o fato de que os dois maiores mercados para o suco, Estados Unidos e Alemanha, registraram quedas ainda mais acentuadas no consumo, de 15% e 26%, respectivamente.

 

No mesmo período, diz o estudo, a população dos 40 países que mais consomem suco de laranja cresceu 5% e o PIB (Produto Interno Bruto) aumentou 51%.
"Por isso [a queda no consumo] não é uma questão de renda; são outras bebidas que estão substituindo a laranja e ganhando espaço nesses países", disse Neves.

 

MAIS CONSUMO INTERNO

 

Para tentar contrabalancear essa queda nos maiores mercados, uma das saídas apontadas é ampliar o consumo interno e investir nos mercados emergentes.

 

No Brasil, o consumo é de 12 litros de suco de laranja por pessoa por ano.
Desse total, de acordo com o presidente da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), Christian Lohbauer, só um litro é industrializado.
Nos EUA, segundo o estudo do Markestrat, o consumo per capita é de 17,2 litros de suco industrializado.

 

Se o consumo nacional fosse elevado para 15 litros per capita, haveria demanda adicional de 25 milhões de caixas de laranja -foram produzidas 397 milhões de caixas de 40,8 quilos no Brasil na safra 2009/10.

 

Na contramão dos mercados americanos e alemão, a China registrou aumento de 66% no consumo de suco de laranja entre 2003 e 2009.
O problema é que 89,7% das bebidas de sabor laranja consumidos no país asiático são refrescos.
Essa classificação, na China, significa que o conteúdo da fruta na bebida não passa de 3% a 5%, o que torna o produto de menor valor agregado.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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