O executivo-chefe da Heineken, Jean-François Van Boxmeer, vê espaço para o crescimento de sua marca de cerveja nos Estados Unidos, o maior mercado mundial da bebida, e também no Brasil e no México. "O potencial para a marca Heineken é imenso no México e no Brasil, onde ainda é demasiadamente uma marca de nicho", afirmou ele na sexta-feira, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A cervejaria, terceira maior do mundo em volume, é uma das empresas que voltam as atenções aos países emergentes para impulsionar o desempenho, pois a baixa confiança dos consumidores e o nível já elevado de consumo nos EUA e Europa restringem suas vendas em volume. A fabricante, também dona das marcas Amstel e Newcastle Brown Ale, comprou a unidade de cerveja da mexicana Femsa há um ano, expandindo sua presença na América Latina.
Nos EUA, Van Boxmeer ainda vê "oportunidades de crescimento" onde o consumo de cerveja foi "gravemente prejudicado" pela crise de confiança dos consumidores. "A Heineken é um item de luxo para a classe média, que vive em um mundo incerto hoje", disse o executivo-chefe. "Não se trata de que a marca careça de afeição, é que simplesmente as pessoas consomem um pouco menos porque estão muito mais cuidadosas. Estou bastante otimista sobre o médio e longo prazo."
A posição competitiva da Heineken nos EUA está se enfraquecendo, segundo analistas como Simon Hales, da Evolution Securities, em Londres. A companhia também é "a única cervejaria exposta a todos os países da Europa Ocidental que estão passando por maior austeridade", disse Hales.
O desempenho da Brandhouse, empreendimento conjunto da Heineken na África do Sul, maior mercado de cerveja do continente, e o aumento do consumo na Índia ajudarão a impulsionar as vendas da cerveja no médio prazo, segundo Van Boxmeer.
A escassez mundial de insumos significa que as despesas continuarão em alta, de acordo com o executivo-chefe. O aumento no preço de commodities como trigo e cevada atingiu as cervejarias. A Carlsberg, por exemplo, elevou os preços no quarto trimestre e o voltará a fazê-lo em 2011 para compensar o aumento nos custos com matéria-prima. O impacto dessa alta de preços "é muito pequeno" para as cervejarias, disse Van Boxmeer, mas ainda assim é suficiente para provocar aumentos generalizados na cerveja. "Há impacto, mas não como o pão ou o trigo no Egito. Existe grande diferença entre cerveja e tortilha no México - uma grande diferença."
Veículo: Valor Econômico