O Château Haut-Brion (CHB) é para muitos especialistas o melhor dentre todos os vinhos de Bordeaux. Para alguns, como o crítico Robert Parker, trata-se simplesmente do maior vinho do mundo. O Haut-Brion é o veterano e o menor dos Premier Crus Classés de 1855. A menção mais antiga à existência de vinhas na propriedade onde hoje está o Chãteau data de 1423. O castelo propriamente dito só viria a ser construído, no entanto, em 1550, por Jean de Pontac.
De uma antiga família de comerciantes de vinhos, Pontac viveu 101 anos. Naquela época os vinhos eram mais conhecidos pelo nome dos donos, no caso o CHB era chamado "vin de Pontac". A primeira menção ao CHB data de 1663, nos diários de Samuel Pepys, membro do parlamento inglês. A família Pontac possuía uma taverna em Londres, a Royal Oak Tavern, onde ofereciam seus vinhos. Após visitar o local Pepys escreveu: "there I drank a sort of French wine called Ho-Bryan which hath a good and most particular taste which I never before encountered".
Desde então o CHB passou por vários donos até ser comprado em 1935 pelo banqueiro americano Clarence Dillon. A família Dillon ainda é a proprietário do CHB. Joan Dillon, ex-princesa de Luxemburgo e Duquesa de Mouchy administrou o Château de 1975 até agosto deste ano, quando seu filho Príncipe Robert de Luxemburgo assumiu a empresa. Também fazem parte da história deste mítico Château seus administradores. A família Delmas dirige o CHB desde 1923, quando Georges Delmas assumiu o posto. Desde 2004 seu neto Jean-Philippe Delmas dirige o CHB.
O Haut-Brion possui hoje 43 hectares de vinhedos, com idade média das vinhas de 36 anos. A densidade de plantio é de 8 mil vinhas por hectare. A área é ocupada por Cabernet Sauvignon (45%), Merlot (37%) e por Cabernet Franc (18%).. A produção varia de 216 mil a 234 mil garrafas/ano do vinho principal (Château Haut-Brion).
Os solos são de origem terciária, ao nível da superfície o solo é de cascalho arenoso cinza, com pedaços de quartzo. O subsolo guarda uma maior concentração de argila avermelhada, responsável pela retenção de água e obrigando às raízes a se aprofundarem.
A elaboração do Château Haut-Brion é cuidadosa, mas muito simples. A colheita é manual, com 100% de desengace e maceração-fermentação que dura entre 15 e 30 dias, dependendo da safra. Segundo Jean-Philippe Delmas a duração desta etapa é fundamental, pois não se deseja um vinho demasiado concentrado.
Em 1961 o CHB tornou-se o primeiro château bordalês com tanques de inox O amadurecimento em barricas é longo, entre 18 e 30 meses, sempre em barricas novas. O CHB produz seu próprios barris, com a cooperação da empresa Seguin-Moreau. São feitos 4 ou 5 barris ao dia, para suprir a necessidade anual de mil barris.
Certa vez perguntado sobre como descrever o HB a alguém que nunca o provou, Jean-Philippe Delmas disse: "Em uma palavra seria complexidade. O HB não é um vinho fácil. É necessário conhecimento para apreciá-lo. Eu não o recomendaria a quem está começando". E complementou: "Mas palavras não bastam, vinho é para ser provado!".
Melhor que um CHB só mesmo cinco safras diferentes em uma só noite! Foi o que aconteceu recentemente na Escola Mar de Vinho (www.mardevinho.com.br) no Rio de Janeiro, em uma iniciativa da importadora Vitis Vinifera. O blog www.marcelocopello.com mostra as fotos do evento.
Veículo: Gazeta Mercantil