Cerveja tem mais tributo que líquido

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O Brasil realmente é o País dos impostos. Nem para se divertir os consumidores conseguem uma trégua. Para se preparar e curtir o Carnaval, a festa mais popular do ano, cerca de 50% do que os foliões gastam vão diretamente aos cofres públicos estaduais e federais.

 

É o caso da cerveja, que tem seu consumo intensificado durante o feriado, mas que por ser considerado item supérfluo, possui tributação alta: 54,8% de seu preço são impostos. Em outras palavras, em uma latinha de R$ 1,50, mais da metade, R$ 0,82 é tributo. Em um pacote com 12 latas, em que se paga R$ 18, a carga é de R$ 9,86.

 

Os refrigerantes têm peso parecido. Se for pago R$ 1,30 em uma latinha, 45,8%, ou R$ 0,60, vão para os impostos. Isso é o que aponta o levantamento realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

 

A maior surpresa, entretanto, fica por conta da água mineral. Uma garrafinha de R$ 1 tem R$ 0,43 só de impostos. Isso porque água é necessidade básica, e não deveria ter uma carga tão alta assim. "A água é tributada por conta do engarrafamento. É o seu processo de industrialização que encarece o produto e é onde aparecem os impostos. O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre a Comercialização de Mercadorias e Serviços) dela são muito altos", justifica o presidente do IBPT, João Eloi Olenike.

 

O tributo que mais pesa no preço desses itens, segundo Olenike, é o ICMS. Do total da carga, cerca de 23% correspondem ao pagamento do tributo estadual.

 

O item que tem mais saída no Carnaval e que possui a menor incidência de impostos é a camisinha: 18,75%. "Como os preservativos são vistos como questão de saúde, sua carga tributária é menor."

 

ADORNOS - Dentre os diversos adornos comercializados no período, o destaque fica por conta do colar havaiano; 46% do seu preço de venda vão para os impostos.

 

Questionado sobre a alta carga incidente sobre esse produto que utiliza apenas flores e canudos de plástico e linha em sua composição, Olenike explica que o IPI tem a mesma alíquota para diferentes itens de plástico. Ou seja, um plástico rígido que componha um automóvel ou um plástico fino que seja utilizado para encapar caderno têm a mesma carga.

 

"O brasileiro não pode se divertir. É a essa conclusão que chegamos. Se os impostos fossem menores, o acesso aos produtos não seria restrito. As pessoas poderiam comprar mais e as crianças, se divertiriam mais."


 
Veículo: Diário do Grande ABC


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