O setor de espumantes é o que mais cresce dentro do mercado nacional de vinhos, com a produção registrando alta de 40% em 2008. "Já existe muitas vinícolas que estão voltando os investimentos para os espumantes, de olho nesse crescimento que não tende a parar", afirma o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) , Henrique Benedetti. A valorização do dólar ante o real, que ocorreu após a crise financeira mundial, será aproveitada pelos fabricantes nacionais do setor, que foi invadido nos últimos anos por vinhos importados.
A "bola da vez" está a cada dia menos vinculada às festividades de final de ano e já está sendo consumida durante o ano todo.
De acordo com a Uvibra, de janeiro a setembro de 2008, o consumo já cresceu 35% em relação ao ano passado.
Há dez anos, a bebida que tinha mais de 95% de seu consumo nas comemorações de final de ano. Hoje esse número já caiu para 60%.
De acordo com Benedetti, os espumantes consumidos no Brasil são 85% de produção nacional e por isso têm alavancado o ritmo de crescimento das empresas.
"Em 2008, as vendas de espumantes brasileiros cresceram, enquanto as de vinhos nacionais no mercado doméstico ficaram estagnadas", afirma. Diante desse cenário, a expectativa é que o novo valor do dólar beneficie os vinhos nacionais.
De acordo com o presidente da Uvibra, a expectativa, antes da valorização do dólar, era de crescimento de 20% do setor de vitinivicultura. Ao contrário de outros setores da cadeia produtiva, que estão revendo as taxas de crescimento para números mais modestos, a entidade esperar ampliar a projeção.
"Para os vinhos vai sobrar algum ponto positivo", afirma Benedetti.
É isso o que está esperando Ângelo Salton, presidente da Vinícola Salton. "Esperamos que com o dólar mais caro o País deixe de ser invadido por vinhos, principalmente do Chile e da Argentina", afirma Salton. Por outro lado, em relação ao mercado de espumantes, a empresa só tem o que comemorar.
Após investir R$ 2 milhões para aumentar a produção de espumantes, com um acréscimo de 240 mil litros em relação a 2007, a Salton projeta a venda de 3,4 milhões de litros da bebida em 2008, um valor 20% maior do que ano passado. "O espumante é a bebida que mais cresce nos últimos cinco anos no Brasil. Além disso, ela é considerada a segunda melhor do mundo", afirma o presidente da Salton.
Jeito brasileiro
Mário Bonilha, diretor nacional de Vendas da Miolo, acredita que o sucesso das vendas da bebida no País se relaciona até mesmo com o clima do Brasil. A tendência, segundo ele, é que a bebida ganhe ainda mais espaço no mercado brasileiro. "Hoje o espumante ajuda muito na consolidação do crescimento da empresa como um todo."
O Grupo Miolo, que hoje conta com cinco empresas, registrará um crescimento de 43% no setor de espumantes, o que ajudará o grupo a conquistar um crescimento geral de 25%.
Interessada em aproveitar o crescimento desse segmento, a vinícola investiu R$ 30 milhões na região do Vale do São Francisco, na Bahia, para ampliar a produção de espumantes.
A estratégia da empresa tem sido a de aproveitar a mercado doméstico com os espumantes e ampliar a exportação de vinhos. Atualmente o grupo exporta 15% de sua produção, mas esperar chegar em 2012 exportando 50% do total de sua produção de vinhos.
A Peterlongo também está otimista com o cenário. A vinícola, que prevê aumento de 50% no volume das vendas em 2008, está aguardando aumento de vendas que se iniciam neste mês. O último trimestre do ano responde por 55% do faturamento da empresa. "O foco da nossa empresa sempre foram os espumantes", firma o enólogo da Peterlongo, Daniel Fornari.
O crescimento da produção de espumantes pela empresa tem crescido significativamente nos últimos quatro anos. Para 2009, as projeções são ambiciosas. A empresa irá comprar 60% mais uvas para a produção de espumantes por conta da alta demanda verificada em 2008. "Esse mercado ainda vai crescer mais e iremos ampliar a nossa capacidade", afirma Fornari.
Veículo: DCI