Maior evento mundial do futebol é oportunidade para os fabricantes divulgarem a aguardente artesanal
A crescente necessidade de difundir os principais avanços tecnológicos do segmento da cachaça artesanal serviu de estímulo para a promoção do Primeiro Congresso Mineiro da Cachaça. O encontro, organizado pela Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), será realizado juntamente com a Primeira Feira Nacional de Produtores, Equipamentos, Produtos, Tecnologia e Serviços para a indústria da cachaça. Os eventos acontecem entre os dias 30 de junho e 2 de julho, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte.
De acordo com o presidente da Ampaq, Alexandre Wagner da Silva, o objetivo do congresso é reunir e divulgar as informações do setor, abrangendo todas as etapas da produção. Um dos principais motivos que vêm estimulando os produtores a investir na aplicação de novas técnicas é a possibilidade de a bebida oficial da Copa do Mundo de 2014 ser a cachaça artesanal.
"Nossa expectativa é de que até 2014 a produção mineira de cachaça artesanal cresça cerca de 10%. Para que a qualidade seja melhorada, é necessário que os produtores tenham maior acesso às tecnologias e inovações do setor. Por isso, resolvemos criar o Congresso Mineiro da Cachaça, onde pretendemos reunir produtores e pesquisadores do segmento. A Copa do Mundo será uma grande oportunidade de divulgar nossa cachaçao o mundo. Precisamos investir na qualidade", diz Silva.
Para o organizador e realizador do evento, José Silvério Vasconcelos de Miranda, durante a exposição serão discutidos assuntos diversos do setor, como, por exemplo, o enfoque do marketing para a bebida, marcadores bioquímicos para as várias etapas da cachaça, envelhecimento e retosta de tonéis, automação industrial na fabricação, controle de qualidade, contaminantes, mercado externo, diferenciação da cachaça de alambique e coluna, microbiologia da fermentação da cachaça, produção e qualidade química e sensorial de cachaça. A expectativa é de que cerca de 300 pessoas participem do congresso.
"Grande parte dos produtores mineiros de cachaça é de pequeno porte e tem dificuldade de acesso aos estudos desenvolvidos para o segmento. No congresso, vamos reunir pesquisadores das universidades federais do Paraná, Lavras, Viçosa e Ouro Preto, dentre outras instituições de ensino superior, e divulgar estes avanços para os produtores", relata Miranda.
A primeira feira nacional terá como principal objetivo a realização de negócios com proprietários de bares, restaurantes e hotéis. Para estimular o comércio atacadista em todos os dias do evento, de 14 às 18 horas ele será restrito a convidados e comerciantes. A partir das 18 horas, será aberto ao publico.
"Ainda não temos uma estimativa de faturamento com o evento, por ser esta a primeira edição. Até o momento contamos com 75 expositores, que são responsáveis pela divulgação de cerca de cem marcas. A expectativa é de que compareçam 90 produtores", acrescenta Miranda.
De acordo com o presidente da Ampaq, os produtores de cachaça em Minas enfrentam grandes barreiras para a expansão do volume e regularização dos alambiques, devido à alta taxa de impostos incidentes sobre a bebida artesanal.
Estagnação - A produção de cachaça em Minas ficou estagnada em 2010. Uma queixa dos produtores é a de que o Estado, que produz cerca de 60% da bebida artesanal do país, tem a competitividade reduzida diante da produção de outras localidades, devido ao excesso de impostos.
Os principais impostos que estariam comprometendo a evolução do setor, segundo os produtores, são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). De acordo com Silva, enquanto o IPI gira torno de R$ 2,5 por garrafa, o mesmo volume do produto industrializado paga apenas R$ 0,3 de imposto. No caso do ICMS a alíquota atual é de 12%. "Estamos negociando com o governo estadual para que o ICMS seja reduzido para 6%. A redução dos tributos poderia estimular a legalização dos alambiques", diz.
De acordo com os dados da Ampaq, em Minas estão localizados cerca de 9 mil alambiques, apenas 10% deles legalizados. A produção anual no Estado chega a 240 milhões de litros, o que representa 60% do volume nacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG