Antes e depois de assumir o comando da Ouro Fino, empresa familiar de água mineral com sede em Campo Largo (PR), o mineiro Helio Corrêa ouviu comentários de que ela está à venda. Em algumas vezes, teve de conversar com clientes sobre o assunto. O executivo, um ex-funcionário da Coca-Cola, foi contratado em setembro e diz desconhecer negociações com outras companhias. Suas atenções estão voltadas para outra direção: a tarefa de diversificar mais o portfólio da companhia, que inclui também água saborizada, refrigerante e isotônico. Recentemente, os sócios da empresa aprovaram investimentos em néctares, sucos e bebidas funcionais. Os testes de sabor já começaram e lançamentos estão previstos para o próximo semestre.
A chegada de Corrêa, que é contador e tem experiência de 10 anos na área de bebidas, colocou mais lenha nos comentários de venda da Ouro Fino. Em 2005, um ex-empregado da Coca entrou na fabricante paranaense de chás Leão Júnior e não demorou muito tempo para que ela mudasse de mãos. O mesmo poderia acontecer agora? "Fui chamado para profissionalizar a gestão. Se lá na frente a família quiser vender...", diz, ao ser questionado sobre o tema. Sem revelar dados financeiros, o executivo informa que, para 2011, prevê crescimento de 8% nas vendas de água em volume. No ano passado, as vendas totais de bebidas da companhia ficaram acima de 100 milhões de litros. Com os novos produtos, a projeção é que o faturamento cresça 17% este ano.
Controlada pela família Mocellin desde 1946, a Ouro Fino tem cinco sócios, 400 empregados e é líder no segmento no Paraná. Possui uma das cinco maiores fontes individuais de água do país, produto que responde por dois terços das receitas. Há algum tempo, um dos herdeiros, Augusto Mocellin Neto, que preside o conselho de administração, adotou embalagens diferenciadas como estratégia para vender mais - criou uma azul e uma vermelha, em formato de moringa. Entrou no segmento de água com sabor em 2007 e em refrigerante em 2009.
Sob a gestão de Corrêa, a empresa lançou em maio o energético Insano, que consumiu investimentos de R$ 1,5 milhão. Com maior margem, o produto pode chegar a mercados mais distantes. Além de Sul e Sudeste, principais destinos da Ouro Fino, a intenção é vendê-lo na Bahia até o fim do ano. Até abril, as vendas da empresa aumentaram 5% em volume, segundo o executivo.
Veículo: Valor Econômico