Com dois reajustes desde o fim do ano passado, o preço da cerveja ainda está na berlinda. O problema, desta vez, é a cotação da cevada - ingrediente de maior custo para as cervejarias. O preço do insumo subiu cerca de 30% em relação ao ano passado por conta da seca que atingiu a Europa em março. A Europa é o principal produtor mundial do cereal e responsável por 43% do cultivo global.
No Brasil, as cervejarias importam metade da cevada que usam para fabricar cerveja. "Metade da cevada é produzida aqui e a outra parte vem da Argentina", diz o agrônomo Euclydes Minella, especialista em cevada da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, RS. "Com certeza o preço da cevada Argentina - que não sofreu nenhum problema de safra - vai acompanhar o da europeia, que teve uma grande quebra por conta da seca", diz ele.
Na Europa, o preço da cerveja para as cervejarias europeias deverá ter alta de 4% a 5%, conforme previsões de analistas. "No Brasil, entretanto, não deve haver um impacto como esse, uma vez que a safra de cevada argentina acabou em fevereiro, quando a cotação do cereal ainda não sofria influência dessa alta. A maior parte das cervejarias brasileiras fez seus contratos naquele mês e por isso devem escapar dos valores mais altos", afirma Trevor Stirling, analista da Sanford C. Bernstein de Londres. (LC)
Veículo: Valor Econômico