Kirin, do Japão, paga R$ 4 bi pelo controle da Schincariol

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Nem a holandesa Heineken, nem a sul-africana SABMiller, muito menos a inglesa Diageo. Quem levou o controle da cervejaria brasileira Schincariol foi a japonesa Kirin. Na noite de ontem, às 8h da manhã no Japão, a Kirin informou ter pago R$ 3,95 bilhões para ter 50,45% da Schincariol, a segunda maior cervejaria do país, depois da Ambev.

 

A participação vendida pertencia aos filhos do fundador Nelson Schincariol, Adriano e Alexandre. O mandato de venda estava com o banco BTG, enquanto o escritório Mattos Filho foi o assessor jurídico. Do lado dos compradores, operaram Citi e Tozzini Freire.

 

Com a compra do controle da Schincariol, a Kirin amplia tremendamente a sua presença no Brasil, onde fatura cerca de R$ 30 milhões vendendo a marca de sakê Tozan. "A Kirin viu no Brasil a taxa de crescimento do mercado consumidor", disse o sócio para fusões e aquisições do banco BTG, Marco Gonçalves. A negociação com os japoneses levou quatro meses. Para ele, trata-se do maior investimento japonês em uma aquisição dos últimos 20 anos no Brasil. "Os japoneses têm excesso de poupança e buscam investimentos."

 

O valor depositado ontem pela Kirin vai direto para os bolsos de Adriano e Alexandre, filhos de Nelson Schincariol, fundador da companhia e morto em 2003. Adriano vai continuar no comando da companhia por pelo menos um ano, informou Gonçalves. O irmão Alexandre, que deixa o conselho de administração, não exercia função executiva.

 

Os primos Gilberto Jr e José Augusto Schincariol, filhos de Gilberto (irmão de Nelson), apoiados pelo banco Morgan Stanley, não tinham interesse em vender a sua parte. Ficam na empresa, com fatia de 49,5%. Gilberto Jr ocupa a vice-presidência, com foco na parte comercial. José Augusto é membro do conselho e não exerce função executiva.

 

No Brasil, a Kirin também importa outros produtos japoneses, como missô e shoyu. "Com a Schincariol, os japoneses estão comprando o canal de distribuição no Brasil, para emplacar outros produtos do seu portfólio", diz o consultor Adalberto Viviane. Além de cerveja, a Kirin fabrica, fora do Brasil, vinhos, uísques, águas, sucos, chás, além de ter uma divisão de alimentos e outra de saúde. Tem operações em dez países.

 

Faz parte dos planos da cervejaria japonesa "apoiar a futura expansão da Schincariol, fortalecendo as marcas existentes e introduzindo novos produtos de maior valor agregado". A principal marca é a Nova Schin, seguida da Devassa. Ao todo, são nove marcas de cerveja, três de refrigerantes, uma de suco e uma de água.

 

Em 2010, a Kirin faturou US$ 26,7 bilhões (2,2 trilhões de ienes) e registrou lucro líquido de US$ 139,8 milhões. A belgo-brasileira AB Inbev, a maior cervejaria do mundo e controladora da Ambev, faturou US$ 36,3 bilhões e o lucro líquido foi de US$ 5 bilhões, no ano passado.

 

Fundada em 1983, a Schincariol tem 13 fábricas no país, 10 mil empregados e 15% do mercado de cervejas, segundo a Kirin, que cita dados da Euromonitor em relatório divulgado ontem. O mercado de cerveja no Brasil gira em torno de R$ 57 bilhões e o de refrigerantes, R$ 58 bilhões.

 

A cervejaria brasileira fechou 2010 com receita líquida de R$ 2,8 bilhões, lucro líquido de R$ 54 milhões e Ebitda de R$ 509 milhões, segundo comunicado divulgado ontem pela Kirin. A dívida líquida, informou Gonçalves, do BTG, está em R$ 1,1 bilhão. Metade dela será assumida, agora, pela Kirin.

 


Veículo: Valor Econômico


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