Tributos prejudicam pequenas indústrias Segmento perde competitividade.
O aumento das alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), bem como a revisão da tabela de incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a indústria de bebidas - em vigor desde abril - estão prejudicando as vendas de pequenos fabricantes de refrigerante de Minas Gerais, que foram obrigados a repassar a elevação dos custos para o preço final do produto em prejuízo do volume comercializado.
Para alguns produtos, o reajuste de preços chega a 10%. o caso da Frutty Refrigerantes Ltda, com fábrica em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas. Frente ao aumento dos custos com carga tributária, a empresa reajustou o preço final dos refrigerantes de 6% a 10%, dependendo do tipo de embalagem.
"No caso do PIS/Cofins, a alíquota passou de 0,27% por litro para 0,50% por litro, praticamente o dobro. É claro que o impacto não é o mesmo no custo do produto, é um pouco menor, em torno de 20% a 30%. Mesmo assim, tivemos que repassar o reajuste para o preço final dos refrigerantes. O resultado foi um arrefecimento considerável no ritmo de crescimento das vendas", detalha o diretor Administrativo da Frutty, Rogério Vilela Silva.
O diretor da empresa, que fabrica entre 800 mil litros e 1 milhão de litros de refrigerante por mês e tem 100 funcionários, defende a adoção, por parte do governo federal, da tributação diferenciada entre grandes e pequenos produtores do segmento. "A elevação da carga tributária atinge de forma mais forte os fabricantes de menor porte", destaca.
Mate Couro - Em função do aumento das alíquotas do PIS/Cofins e da revisão da tabela do IPI, a Mate Couro S/A, fabricante de refrigerantes com sede em Belo Horizonte, reviu as projeções de crescimento dos negócios para este ano. A empresa projetava uma expansão entre 8% e 10% das vendas deste ano sobre as de 2010 e agora, afirma o gerente de Vendas, Lazio Divino Pinto, "está fazendo um grande esforço para igualar o resultado dos dois períodos".
A Mate Couro optou por diminuir a margem de lucro, cortar investimentos em marketing e propaganda e reajustar o preço final dos refrigerantes em apenas 4%. "Mesmo assim, ainda é difícil saber se conseguiremos atingir este ano o mesmo volume de vendas registrado em 2010", lamenta o gerente.
O presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros, informa que a entidade já formalizou pedido junto ao Ministério da Fazenda para adotar um sistema de tributação diferenciada para o segmento, que respeite as diferenças entre pequenos e grandes fabricantes.
"O aumento da carga tributária atinge o pequeno produtor e o efeito imediato é o repasse dos custos para o preço final do refrigerante, o que prejudica ainda mais a competitividade do fabricante de menor porte frente a grandes players do setor, como a Ambev", afirma Bairros.
Conforme informações da Afrebras, o Brasil em torno de 250 pequenos fabricantes de refrigerantes, aproximadamente 40 deles em Minas Gerais. Ao todo, o segmento responde por 25 mil empregos diretos no país e 5 mil no Estado. Minas, em termos de representatividade de faturamento e postos de trabalho, perde apenas para São Paulo.
Veículo: Diário do Comércio - MG