As chuvas de dezembro comprometeram parte da venda da maior cervejaria do país. Segundo a Confederação Nacional das Revendas Ambev (Confenar), o volume de vendas de cerveja em 2011 caíram 3% em relação ao total de 2010, entre as suas associadas. O impacto maior veio do mês de dezembro, que tem peso dobrado na venda da bebida no ano, por conta do incremento no consumo proporcionado pelo 13º salário, pelas festas de fim de ano e pelo início do verão.
"Para os revendedores, chuva é pior do que frio", diz Hamilton Picolotti, presidente da Confenar. Os principais mercados atingidos foram São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que respondem por cerca de 40% das vendas dos afiliados, que somaram mais de R$ 12 bilhões em 2011.
Além disso, diz Picolotti, as medidas macroeconômicas adotadas pelo governo no primeiro semestre do ano passado para controlar a inflação - como o aumento da taxa básica de juros entre janeiro e julho - contribuíram para frear o consumo da bebida e teve impacto no resultado do ano. De acordo com o balanço mais recente da Ambev, o consumo de cerveja no acumulado dos nove primeiros meses de 2011 caiu 0,2% em volume em relação ao mesmo período de 2010.
A Confenar reúne 150 empresas que respondem por 43% da demanda da Ambev no Brasil, atendendo mais de um milhão de pontos de venda. São as revendas que buscam os produtos na fábrica e os levam para o seu centro de distribuição (operação chamada de "puxada"), vendem para bares, restaurantes, pequenas e médias redes de varejo, entre outras lojas, respondendo pela logística e distribuição do estoque.
Em 2012, Picolotti prevê um acréscimo de 5% do volume vendido. "O aumento de 14% sobre o salário mínimo gera impacto imediato sobre esse mercado", afirma o empresário, dono da revenda Be Mais, que atende o sul de Minas Gerais. O mês de janeiro, no entanto, está abaixo das expectativas dos revendedores, também por conta das chuvas que persistem no Sudeste.
Interessada em diminuir os seus custos com distribuição - são mais de 16 mil veículos -, a associação está procurando se aproximar dos operadores logísticos que também atendem a Ambev. Roberto Zampini, diretor do Grupo Imediato, um dos maiores fornecedores da cervejaria em logística e distribuição, assume como diretor convidado de logística da Confenar. "Queremos atrair mais empresas que façam o mesmo processo que as revendas", diz Picolotti.
A dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica não tem frota própria. O operador logístico é acionado quando não há revendedores, ou seja, quando a própria Ambev faz a venda e contrata uma empresa para buscar o produto na fábrica, levá-lo ao seu centro de distribuição direta (CDD) e, de lá, fazer a entrega nos pontos de venda.
Os operadores não estão reunidos em nenhuma associação e a vinda de Zampini, que atua no interior de São Paulo, tem o objetivo de criar um grupo de logística na Confenar, que pretende tê-los como associados. Segundo o empresário, a ideia é criar comitês para abordar temas em comum entre as revendas e os operadores. "Para as revendas, interessa ter mais conhecimento logístico para reduzir seus custos e, para os operadores, é importante identificar oportunidades de negócio com essas empresas", afirma. Há revendas que usam ocasionalmente os serviços dos operadores logísticos.
Este ano, as afiliadas da Confenar estão investindo cerca de R$ 120 milhões, valor 20% superior o que foi aplicado em 2011. O capital será empregado em tecnologia, treinamento, frota e expansão do espaço físico.
Veículo: Valor Econômico